Abstract

Este artigo debruça-se sobre a obra do contista goês Epitácio Pais. Inicia-se por uma abordagem geral dos contos de Pais à luz da ideia defendida por Frank O’Connor de que a narrativa curta serve de veículo para uma “voz solitária.” Argumenta-se que a obra paisiana representa uma abordagem das profundas mudanças sociais, políticas e económicas ocorridas em Goa nos últimos anos da administração portuguesa e na primeira década do governo indiano. A análise que se segue enfoca cinco contos estruturados em torno do tema da viagem para o desconhecido. Os protagonistas desses contos pertencem a vários exemplos daquilo que O’Connor apelida de “grupos populacionais submergidos.” Todos estes protagonistas são representados a partir de trajetórias fracassadas sob a nova ordem política, perdendo para representantes de grupos ascendentes. Identifica-se, desse modo, uma matriz narrativa que ganha significado não só em relação ao leitorado dos contos de Pais—a antiga elite lusófona do território—mas também em relação à própria literatura goesa de língua portuguesa.

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