Abstract

Com o arcabouço teórico-metodológico da Sociolinguística Variacionista, pesquisa-se a variação no uso dos verbos ter e haver em construções existenciais, com dados orais do português de Luanda (PL). Objetiva-se contribuir para o entendimento acerca da natureza do português de variedades africanas. Os resultados mostram que há uma variação estruturada no PL, sendo que o ter existencial é amplamente utilizado, com uma frequência de 42% e é favorecido, principalmente, pelo fator baixa ou nenhuma escolarização; embora, no cômputo geral dos dados, o verbo haver predomine em construções existenciais, com uma frequência de 58%. Os resultados são analisados qualitativa e quantitativamente em tempo aparente. Os dados foram levantados na fala de 23 informantes, em entrevistas sociolinguísticas pertencentes ao acervo dos projetos “Em busca das raízes do português brasileiro” e “A concordância verbal em Luanda-Angola: elementos para a discussão sobre a formação do português brasileiro”, sediados na Universidade Estadual de Feira de Santana. Nesse sentido, buscando contribuir para os estudos sobre a ormação da realidade sociolinguística brasileira, acredita-se que é importante a realização de estudos que se centrem em dados coletados em outros continentes que não apenas o europeu – como propôs Petter (2007) –, pois, assim, torna-se possível a comparação entre a variedade brasileira e as variedades africanas do português, ampliando-se o debate sobre a influência do contato linguístico na formação dessas variedades e a discussão sobre a atuação de fatores linguísticos e socioculturais em fenômenos linguísticos variáveis.

Highlights

  • Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional

  • Within the theoretical and methodological framework of the Variationist Sociolinguistics, it researches the variation into the use of the verbs to have in existential constructions, with oral data from the Portuguese spoken in Luanda (PL)

  • The results show that there is a structured variation in the PL, being the existential form of the verb “ter” widely used, with a frequency of 42% and it is increased by the low schooling factor; in general terms, the verb “haver” prevails in the existential structures, with a frequency of 58%

Read more

Summary

Breve resgate histórico de ter e haver na evolução da língua portuguesa

As construções existenciais podem ser construídas com os verbos ter e haver, conforme é exemplificado nas frases seguintes:. A autora ainda comparou os resultados da fala culta brasileira com dados do português europeu (PE) falado culto[6], também com corpora referentes às duas décadas, e identificou que, no PE, construções existenciais são expressas predominantemente, nas duas sincronias, com a forma padrão haver, em oposição ao PB, o qual dá preferência ao ter-existencial, embora não seja uma mudança concluída e ainda mantenha o seu valor de posse. Callou e Avelar (2012) salientam que o uso do verbo ter pode ser interpretado de maneira diferenciada nas duas variedades, a saber, como possessivo no PE e como existencial no PB, como se verifica em sentenças com sujeito nulo, conforme exemplos (12)[9]. Os resultados da pesquisa da autora podem ser contrastados com os obtidos por Magalhães (2006), que mostra que crianças portuguesas, aos dois anos de idade, já produzem sentenças com haver existencial, ao contrário das brasileiras, que, até os três anos, só constroem sentenças com ter

Palavras iniciais: os estudos sobre variedades africanas do português
A comunidade de fala
A amostra
A análise variacionista: percurso investigativo e a análise descritiva
Findings
Ter e haver existenciais no português luandense: a análise variacionista
Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call