Abstract

Em 1884, o governo português promoveu uma expedição para a Lunda, no atual nordeste angolano. Chefiada pelo major Henrique de Carvalho, esta expedição contou com o trabalho de homens e mulheres oriundos de diferentes partes da África centro-ocidental, que se revelaram responsáveis, em grande medida, pelo andamento da viagem. Tendo como referência a narrativa desta expedição, produzida por Henrique de Carvalho, o objetivo deste artigo é analisar a atuação destes trabalhadores que ficaram conhecidos como Loandas, considerando as novas formas de exploração do trabalho no pós-abolição do tráfico de escravizados e da própria escravidão em regiões africanas.

Highlights

  • Headed by Major Henrique de Carvalho, this expedition featured the work of men and women from different parts of west-central Africa, which proved to be responsible, in large measure, by the progress of the journey

  • Taking as reference to the narrative of this expedition, produced by Henrique de Carvalho, the purpose of this article is to analyze the performance of these workers who became known as Loandas, considering new forms of labor exploitation after abolition of slave trade and slavery in African regions

  • Inclusive pelo chefe Henrique de Carvalho, que já perto da mussumba do Kalani, depois que boa parte da expedição por falta de recursos retornou a Malanje, foi forçado a refletir, com relação aos Loandas e outros trabalhadores mais próximos, sobre o estado de dependência não só da sua própria sobrevivência, como de todo o projeto da expedição portuguesa ao Muatiânvua: Não direi que esteja completamente só, escrevia eu no Diario, pouco depois de retirarem os meus companheiros, de 28 mezes successivos de trabalhos, no coração d’este continente, porque, enfim, commigo quizeram ficar voluntariamente, o interprete e sua familia, o José Faustino, o Augusto Jayme, os dez contractados de Loanda (inclusive Matheus), o piloto, seis carregadores de Malanje, os meus afilhados Henrique, Mario e Filipe, e essas 156 pessoas da Lunda, que me comprometi a apresentar ás suas familias na Mussumba; porém, o que é muito peor, é que somos 190 bôccas que precisamos comer, e faltam-me os recursos indispensaveis para comprar os alimentos, até para os 26 a que se reduziu a Expedição!

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Summary

Departamento de Ciências Humanas Instituto de Ciências Humanas e Letras

RESUMO Em 1884, o governo português promoveu uma expedição para a Lunda, no atual nordeste angolano. Chefiada pelo major Henrique de Carvalho, esta expedição contou com o trabalho de homens e mulheres oriundos de diferentes partes da África centro-ocidental, que se revelaram responsáveis, em grande medida, pelo andamento da viagem. Tendo como referência a narrativa desta expedição, produzida por Henrique de Carvalho, o objetivo deste artigo é analisar a atuação destes trabalhadores que ficaram conhecidos como Loandas, considerando as novas formas de exploração do trabalho no pós-abolição do tráfico de escravizados e da própria escravidão em regiões africanas

Hierarquização dos papéis na Expedição
Os filhos de muene puto e as novas insígnias de poder
Uma sociedade expedicionária
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