Abstract

As produções culturais periféricas, além de serem uma opção de lazer, de produção, de trabalho e de participação político-cultural para as juventudes periféricas, podem ser entendidas como uma poderosa agência de letramento (KLEIMAN, 1995). Fundamentadas pela nossa experiência em um sarau periférico, chamado Sarau V (de Viral), realizado na cidade de Nova Iguaçu, região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, idealizado e organizado pela coautora “autor”, tecemos uma narrativa constituída por uma ‘dupla autoria’ em dois gêneros textuais distintos (BAKHTIN, 1997), que chamamos de escrita-cena e de escrita-bastidor (GOFFMAN,1985). Fundamentadas pelo campo de estudos dos letramentos (STREET, 2001), argumentamos que as práticas do sarau evidenciam uma escrita multissemiótica e multissensória (MILLS, 2016) que desnaturaliza as projeções escalares hegemônicas (CARR; LEMPERT, 2016), reterritorializa espaços urbanos (GUATTARI; ROLNIK, 2010) e reinvindica o direito à cidade (HARVEY, 2016).

Highlights

  • As produções culturais periféricas, além de serem uma opção de lazer, de produção, de trabalho e de participação político-cultural para as juventudes que habitam territórios que margeiam centros geográficos, econômicos e urbanos, podem ser entendidas também como uma poderosa agência de letramento (KLEIMAN, 1995)

  • Nos slams ou batalhas de poesia, nos bailes funk e nas diversas manifestações do hip hop circulam vários tipos de escritas que desafiam uma visão racionalista, economicista e individualista (SCOLLON; SCOLLON, 1995) sobre os letramentos

  • Goffman (1985) como uma forma de organizar a nossa construção textual, pois assim como Goffman argumenta que a definição das situações cotidianas não são uma prerrogativa individual, mas um “trabalho de equipe”, entendemos que este artigo é também um tipo de ação escalar coletiva, ou melhor, uma perspectiva de equipe que se constrói permeada por duas formas de linguagem situadas em locais e gêneros discursivos diferentes: uma escritabastidor, que segue um gênero discursivo acadêmico teorizando as práticas; e uma escrita-cena composta por fotografias e por pequenos fragmentos que chamaremos de cartas, que foram escritas em prosapoética na primeira pessoa e endereçadas à rua, trazendo as memórias das cenas vividas

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Summary

Introduction

Além de serem uma opção de lazer, de produção, de trabalho e de participação político-cultural para as juventudes que habitam territórios que margeiam centros geográficos, econômicos e urbanos, podem ser entendidas também como uma poderosa agência de letramento (KLEIMAN, 1995). Em diálogo com os estudos da linguagem, Silva (2019), ao teorizar sobre os letramentos em periferias brasileiras, destaca como periferia é um conceito escalar, ou seja, são projeções simbólicas construídas por processos formais de www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508 (Dossiê "Tramas entre cultura e educação")

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