Abstract

Este artigo se propõe a analisar as características dos protestos no Brasil entre 2011 e 2016, um contexto socioeconômico e político marcado pelas contradições e pelo ocaso dos governos petistas. A análise está baseada em um banco de dados de protesto constituído a partir do jornal Folha de S. Paulo. Sustentamos que os protestos antecedem a eclosão da crise econômica e que, quando atingem o pico, em 2013, produzem mudanças no contexto político, abrindo oportunidades políticas inéditas para que um conjunto heterogêneo de atores, à direita e à esquerda do PT, manifestasse suas divergências em relação ao governo. Os protestos evidenciam os limites da política de conciliação de classes dos governos petistas e conformam um cenário de instabilidade que contribui para o impeachment de Rousseff, de modo que não há uma descontinuidade entre 2013 e 2015-2016. O padrão de protesto verificado nesse período caracteriza-se pela combinação de duas dinâmicas distintas: polarização política e heterogeneização de atores e reivindicações.

Highlights

  • O êxito dos oposicionistas em reconstruírem o terreno simbólico do confronto fica evidente na mudança da opinião pública: pesquisa divulgada pelo Datafolha em novembro de 2015 aponta que, pela primeira vez, a corrupção foi eleita como principal problema pelos brasileiros, deixando para trás temas tradicionais, como saúde (16% das menções espontâneas), desemprego (8%) e educação (8%) (Datafolha, 2015)

  • Justiça, direitos humanos e segurança (16,5%) engloba demandas por esclarecimento de crimes, sejam eles cometidos pelo Estado ou por particulares (78%) e demandas gerais por mais segurança e mudanças na política de segurança, incluindo o tema das drogas

  • A categoria meio ambiente e desenvolvimento (5,5%) inclui reivindicações em torno dos recursos naturais, proteção ambiental, direitos dos animais, protestos contra a construção das hidrelétricas, a transposição do São Francisco e os megaeventos

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Summary

Os protestos e a crise

Nossa base de dados registra 1.285 protestos entre 1/1/2011, primeiro dia do governo Rousseff, e 31/8/2016, quando ela é definitivamente afastada pelo Senado, com uma média de 222,6 protestos por ano. *Frequência anual dos protestos entre 1/1/2011 e 31/8/2016, agregada por evento (N=1285). Esse período de intensa mobilização, precipitado pela reivindicação da redução da tarifa dos transportes públicos, ficou conhecido como Jornadas de Junho. Quanto maior o intervalo entre os valores, maior a difusão territorial dos protestos naquele ano. Muito embora a conflitividade acionada em junho de 2013 tenha se espalhado por diversas cidades brasileiras, ela parece ser caracterizada por uma dinâmica mais descentralizada e heterogênea, com diferentes alvos, organizações e demandas. Já no caso de 2015-2016, as redes pró e contra o impeachment foram capazes de produzir a difusão territorial de um único evento por várias cidades, o que denota capacidade de organização e mobilização

Por evento
Taxa de desocupação
Aprovação do governo
Quem protesta?
Saúde Outros
Grupo social Trabalhadores
Defensores dos direitos humanos
Queixas e reivindicações
Terra Outros
Sem dados
Considerações finais
Findings
Referências bibliográficas

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