Abstract
Este ensaio é um breve resumo de parte da dissertação do Mestrado em Ciência da Arte, defendida na Universidade Federal Fluminense em 2001. O trabalho faz uma introdução ao estudo das gerações artísticas cubanas, focalizando sua atenção na chamada “Generación de los Ochenta”, que marcou presença no panorama da arte contemporânea nas duas últimas décadas do século XX e se atreveu a questionar os dogmas de um estado projetado até esse momento ante a opinião nacional como perfeito, sem renunciar à identidade com os princípios políticos e sociais defendidos por esse mesmo estado; uma geração que se propôs abrir portas e derrubar muros, e só conseguiu abrir janelas - amplas o suficiente como para focalizar a atenção do povo cubano e do resto do mundo, na ocorrência de um fenômeno artístico que focalizou entre suas principais propostas a discussão aberta de problemas extra-artísticos vinculados à questões sociais e políticas, tendo especial cuidado de não cair nos extremos panfletários ou propagandísticos das obras - entendidos como banalização e corrupção - de suas idéias. Esta Geração teve o perfil do momento histórico que lhe deu origem e sustento, e que ao mesmo tempo, conseguiu conquistar com sua própria voz, a atenção sobre uma outra face da política cubana, partindo dos mitos sobre a formação do “homem novo”, e trouxe à tona, desde novos pontos de vista, a discussão aberta sobre os direitos das novas gerações, nascidas sob o significante da Revolução Cubana
Highlights
Na análise do fenômeno geracional na cultura cubana, observamos como a regularidade e persistência na identificação e proclamação de filiação intelectual de grupos com um ideário político, artístico, social ou cultural comum, ao longo do percurso da história do país, transcende os marcos anedóticos e circunstanciais para se afirmar como um dos fatos característicos que marcaram a identidade da Ilha
A linguagem geracional entendida como um tipo de vocabulário particular que inclui o repertório de elementos que formam a visualidade da época, traçados por uma estética determinada, além dos elementos particulares pertencentes à língua ou à gíria comunicacional - que se constitui em uma espécie de código particular para ser entendido pelos sujeitos que se identificam com essa específica geração - evoluiu velozmente nas três últimas gerações acontecidas no século XX na Ilha: as correspondentes às décadas dos sessenta, dos setenta e dos oitenta, ao ponto que as atitudes explícitas de rejeição da geração dos oitenta à anterior geração dos setenta, foram muito mais radicais e ferinas, que a suave superposição entre os postulados das gerações precedentes
Nestes momentos de incerteza ante os novos rumos, parece que hoje, a diferença do distante mês de julho de 1988, em ocasião da celebração do ani-versário do nascimento de Ernesto - Che - Guevara, o apelo a “Meditar”, feito pelos jovens às autoridades na ação coletiva de artistas plásticos e estudantes das Escolas de Arte da capital, nos muros do pódio da Praça da Revolução; deve completar seu ciclo de trans-formações internas, para erigir-se no mais urgente e imediato empenho coletivo: “Evoluir”, “Transformar”, “Melhorar”
Summary
Na análise do fenômeno geracional na cultura cubana, observamos como a regularidade e persistência na identificação e proclamação de filiação intelectual de grupos com um ideário político, artístico, social ou cultural comum, ao longo do percurso da história do país, transcende os marcos anedóticos e circunstanciais para se afirmar como um dos fatos característicos que marcaram a identidade da Ilha.
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