Abstract
Este artigo se volta a pensar elementos de uma “epopeia positivista” na linguagem poética de Isidoro Martins Junior (Recife, 1860 - Rio de Janeiro, 1904), a partir dos poemas reunidos no livro Estilhaços, de 1885. Adota-se como chaves de leitura, na construção do objeto, a noção de poesia científico-filosófica e a confluência da retórica na literatura brasileira do período. Inspirando-se na perspectiva de Roger Chartier, busca-se mapear uma agenda de ideias e convenções, cujos usos (pelo poeta) fazem da escrita das práticas um fenômeno relevante para historicizar essa produção. Propõe-se, por fim, um quadro das efemérides cívicas evocadas nos Estilhaços, que triangula as ocasiões públicas de declamação, o mover político e a forma de apreensão de ambos nos (e entre os) poemas.
Highlights
This article focuses on elements of a “positivist epic” in the poetic language of Isidoro Martins Junior (Recife, 1860- Rio de Janeiro, 1904), based on poems at the book Estilhaços, from 1885
A atitude filosófica, transformada em elemento poético por Martins Júnior e seus interlocutores, mediava-se pelas finalidades clássicas de ensinar, deleitar, mover[2]
Conforme a relação levantada por Chartier: “Quando um historiador se ocupa da literatura, a literatura é especificamente documento do quê?”, pode-se dizer que entre as vozes ocupadas com a arte da poesia nos anos 1880, os temas trabalhados neste artigo a partir de Estilhaços nos permitem supor que se trata de um livro situado numa encruzilhada da sobrevivência e reinvenção da poesia (épica), numa configuração social profundamente mexida pelo desenvolvimento e difusão das ciências e pela eloquência, repertórios ao qual Martins Júnior não deixou de recorrer para estilhaçar certos pilares da tradição intelectual imperial
Summary
José Isidoro Martins Júnior nasceu em Cabo de Santo Agostinho, região metropolitana do Recife em 1860 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 1904. A sua poesia combatente entrou em hiato com a busca por emprego, evidente quando foi reprovado em três concursos públicos, até se tornar professor da Faculdade de Direito do Recife em 18868. No mesmo ano (1885), Martins Júnior, Clóvis Beviláqua e João Alfredo de Freitas publicaram o texto polêmico Jesus e os evangelhos: uma psicologia mórbida, tradução de Júlio Soury (segunda edição em Recife, pela tipografia Alves de Albuquerque), que retratava Jesus de forma científica, quando essa e. Em dois poemas de Estilhaços, o eu poético conversa com uma aparição do lexicógrafo francês Emille Littré (1801-1881), cuja interpretação do positivismo Martins Junior endossava, pela “emancipação do espírito, considerando o ateísmo como a única possibilidade que encaminha a um autêntico Positivismo, desprezando a religião da humanidade proposta por Comte” Uma morfologia inicial dos poemas permite dizer que eles foram criados conforme três modelos de versificação: de sete, de dez e de doze sílabas poéticas, com predomínio dos Dodecassílabos, como se observa no Quadro 1: Poemas por ano Versos Heptassílobos
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