Abstract

As línguas, enquanto "códigos", são instrumentos de desafios sóciopolíticos, sócio-económicos e sócio-culturais. A heterogeneidade discursiva acompanha a miscigenação identitária e cultural presente nos romances plurilingues. Esta escrita plurilingue, com fontes culturais e linguísticas diversas, permite a construção de uma "meta-narrativa identitária" e chama a atenção para a noção de identidade linguística. O plurilinguismo nos romances não funciona apenas como uma mera encenação da palavra do Outro em oposição a uma língua específica que garanta a identidade do locutor, mas sim como um movimento de relativização dos critérios de pertença identitária. O plurilinguismo, presente nos romances, representa uma força centrífuga que permite descentrar e quebrar o discurso monolingue e centralizado do Estado Português. Os romances são um exemplo da desconstrução de modelos identitários dominantes e retratam personagens, representando grupos étnicos periféricos.

Highlights

  • The languages, while “codes” are instruments of socio-political, socioeconomic and socio-cultural challenges

  • Aliás, uma característica comum a todos os autores que, de diversas formas, recorrem ao plurilinguismo literário

  • (4) Voz empastelando-se na intermitência de falar quioco e português, esquivando-se a contar vidas no quimbo, a família, os mexericos que ouvia dos tropas fingindo não entendê-los, ah sinhora, vid’aqui na cassamba muito pobre, gente ignorante, eles virem de dia no sôtô e à noite metidos com quibamda, branco não sabe tratar, é do feitiço sinhora (...) (Wanda Ramos, Percursos: do Luachimo ao Luena, p.16)

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Summary

O romance plurilingue

O romance plurilingue comporta diferentes características que são as seguintes: um forte apego à realidade, marcas autobiográficas e a presença do tema do exílio ligado à questão da alteridade. Os autores que vivem entre diferentes culturas (Europa, África) desenvolvem, necessariamente, uma sensibilidade especial para com os outros e produzem uma literatura profundamente relacionada com a miscigenação de culturas. Não há dúvida de que o século XX corresponde a “extraterritorialidade” do escritor (ver Steiner, 1972) onde a literatura contemporânea é assinada por um exílio real ou psíquico, o que permite a Paul Ricoeur (2004: 17) aproximar a língua materna da língua estrangeira: “A ambição de descentralizar a língua materna, convidada a ser pensada como uma língua tal como as outras e, quase, a considerar-se ela própria como estrangeira”. A escrita permite, por um lado, estar ciente de que a sua língua não é única, e que, por outro lado, faz parte de uma infinidade de. Desta forma, perguntarmo-nos como o híbrido é representado nesta literatura e como ela própria se torna um fator de miscigenação, até mesmo um verdadeiro suporte miscigenado (ver Turgeon, 2002)

Hibridismo e miscigenação
Personagens africanas e plurilinguismo
Personagens migrantes e plurilinguismo
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