Abstract

Kierkegaard define-se como um poeta e pensador cristão, cuja orientação é mormente filosófica e teológica. Ele não pretende interpretar a verdade da fé cristã de forma conceptual. Visa, acima de tudo, a edificação espiritual. Recorrendo à comunicação indireta, mediante uma linguagem marcadamente figurativa e metafórica, desafia o leitor a apropriar interiormente a verdade religiosa, tendo em vista a sua expressão prática na existência ética. A crítica de Kierkegaard à teologia não questiona apenas determinadas abordagens teológicas. Revela um evidente desdém pela teologia académica e por aqueles que a praticam. Kierkegaard inspira-se nos teólogos do período patrístico para defender o caráter existencial da fé. Encontra neles importantes aliados no seu combate ao cristianismo complacente e amorfo prevalente na Dinamarca do séc. XIX. Dificilmente se chegará a um consenso sobre a importância de Kierkegaard para a teologia cristã. A tensão dialética do seu pensamento resiste sistematização e fácil desfecho interpretativo. Se é verdade que em determinadas abordagens teológicas transpõe a demarcação da ortodoxia luterana e se aproxima do catolicismo, o impulso fundamental do seu pensamento não deixa de ser protestante e predominantemente luterano. Para Kierkegaard a finalidade primeira da teologia não é a reinterpretação e elaboração de doutrinas; consiste antes em acicatar a prática e a vivência da fé nas circunstâncias concretas da existência do crente. PALAVRAS-CHAVE: Teologia. Erudição. Fé. Existência. Ética.

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