Abstract

Resumo Historicamente, a educação superior, em especial nos cursos de administração no Brasil, foi criada e aperfeiçoada pelas classes dominantes e seus interesses políticos e desenvolvimentistas. As iniciativas de reserva de vagas para indígenas estudarem nas universidades públicas brasileiras, como no caso das universidades estaduais do Paraná, a partir de 2001, passaram a ser uma novidade questionada por esses estudantes, por meio de barreiras levantadas na estrutura educacional não contemplativas do chamado pertencimento étnico-comunitário e acadêmico dos estudantes. O objetivo geral deste estudo é identificar e analisar quais as compreensões, expectativas e os dilemas presentes nos percursos formativos dos estudantes indígenas dos cursos de administração das universidades estaduais paranaenses. Em busca desse conhecimento, a história de vida, por meio da estratégia do testemunho, foi utilizada para compreender e analisar as experiências dos indígenas relativas aos seus percursos formativos. A pesquisa indicou pistas do que é ser um acadêmico de administração indígena no espaço acadêmico e étnico-comunitário, além de apontar anseios com relação ao mundo do trabalho. Teoricamente, o estudo trouxe uma perspectiva mais restrita ao duplo pertencimento, saindo de uma visão macro.

Highlights

  • Resumen Históricamente, la educación superior, especialmente en la carrera de administración en Brasil, fue creada y perfeccionada por las clases dominantes, por sus intereses políticos y de desarrollo

  • Em seu testemunho, afirmou perceber que existe espaço na universidade para que estudantes indígenas desenvolvam pesquisas relacionadas aos interesses de suas comunidades

  • É estar em embate com a própria cultura e a estrutura hierárquica das aldeias, que pode rejeitar o emprego de conhecimentos não indígenas, fundamentalmente da área de administração, em seus territórios, muitas vezes por desconhecerem essa área ou mesmo por considerarem irrelevante para o seu tradicional modo de ser e de se organizar

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Summary

Renan Carlos Klichowski Marcio Pascoal Cassandre Wagner Roberto do Amaral

Desde a história do contato com os europeus, a relação entre indígenas e Estado brasileiro manteve-se conflituosa, já que o último, tipicamente, representou os interesses da nobreza, da elite e da burguesia, seja no período colonial, no império, na república ou na ditadura (PACHECO DE OLIVEIRA e FREIRE, 2006; CARVALHO, 2013). Uma das importantes conquistas foi o reconhecimento da Educação Escolar Indígena como modalidade específica da educação básica no Brasil, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996 (CAPELO e TOMMASINO, 2004; PACHECO DE OLIVEIRA e FREIRE, 2006; AMARAL, 2010; AMARAL, RODRIGUES, e BILAR, 2014). Fato é que o pioneirismo dessas e de outras universidades públicas do Brasil legitima os conhecimentos acadêmicos produzidos pelos próprios indígenas nessas instituições de ensino, os quais podem se tornar uma significativa estratégia de afirmação cultural e política dos povos indígenas (AMARAL, 2010; AMARAL, RODRIGUES e BILAR, 2014). Destaca-se que as iniciativas realizadas pelas universidades brasileiras e, de forma diferenciada, pelo governo do estado do Paraná, colocadas em prática nos anos 2000, e em 2012 nas instituições de ensino superior (IES) federais, são recentes, ao se considerar os 518 anos de contato entre as sociedades indígenas e as sociedades não indígenas no território brasileiro. O presente estudo é relevante por ser uma fonte de referência para ampliação de discussões na área de administração, inovadora para os estudos organizacionais, principalmente no que se refere às discussões sobre diversidade nas organizações

PERCURSO METODOLÓGICO
Trajetória nas universidades
Trajetórias e expectativas sobre o mundo do trabalho
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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