Abstract
Com base num corpus sucinto recolhido e analisado pelos alunos do ensino médio da etnia Kuikuro da aldeia Afukuri no Alto Xingu, apresentamos neste estudo preliminar uma descrição de alguns aspetos fonológicos e morfossintáticos do português dos jovens da aldeia Afukuri. Apesar de o português estândar se encontrar progressivamente penetrando nos repertórios linguísticos desses jovens por causa da escolarização quase onipresente nestes dias nas aldeias, as caraterísticas do português xinguano descritos em Emmerich (veja Emmerich 1984; Emmerich e Paiva 2009) mantem-se e demostram tanto uma aparente homogeneização dessa variedade linguística, a despeito do multilinguismo da região, quanto uma adequação ao repertorio linguístico típico da fala Kuikuro. Nós sugerimos que a existência de elementos da língua nativa Kuikuro no português dos jovens da aldeia Afukuri por meio da mistura de código constitui um fenômeno pragmático (Gumperz 1982, 84) e um índice de segunda ordem (Silverstein 2003), reforçando as identidades étnicas e linguísticas particulares dos falantes em interação dentro do sistema regional xinguano.
Highlights
Uma das línguas mais recentemente chegada ao sistema regional do Xingu é o português
In this article we present a preliminary description of some phonological and morphosyntactic aspects of the Portuguese spoken by young adults in the community of Afukuri, on the basis of a small corpus collected and analysed by adult high school students of the Kuikuro ethnic group in the community of Afukuri in the Upper Xingu
Standard Portuguese is progressively penetrating the linguistic repertories of these young adults due to contemporary almost omnipresent schooling, the characteristics of Xinguan Portuguese described in Emmerich
Summary
Alinguística amazônica tem se focalizado nas últimas décadas na compreensão dos sistemas regionais (SR) (Epps e Michael 2017, 936), caraterizados pela existência de vários grupos falantes de línguas não relacionadas, mas que exibem valores culturais comuns. A região situada entre os afluentes formadores do Rio Xingu, melhor conhecida pelo nome do Alto Xingu, e um destes SR, onde coabitam falantes de quatro grupos linguísticos diferentes: Karíb, Arawák, Tupí-Guaraní e Trumái. As línguas caribes do Alto Xingu são quatro: Kuikúro, Kalapálo, Nahukuá e Matipá; as Aruwak, três: Yawalapít, Waujá e Mehináko; as Tupí-Guaraní, duas: Awetý e Kamayurá; e, finalmente, o Trumái é uma língua isolada (q.v. Seki 2011 para mais detalhes sobre cada um dos grupos linguísticos). Segundo Seki (1999; 2011), tem elementos nas línguas xinguanas que evidenciam uma incipiente convergência gramatical, produto do contato constante que precede os primeiros contatos com os brancos ou caraíbas. Os paralelos pesquisados são muito poucos ainda para se poder afirmar a existência de uma área linguística definida
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