Abstract

O presente artigo trata da maneira como, na sociedade brasileira, as relações de alteridades se traduzem no discurso cotidiano atual, no que diz respeito às relações raciais. Tais discursos revelam, além da existência de uma base teórica racista profundamente enraizada, uma falta de consciência da realidade concreta da discriminação racial no Brasil e a persistência da ideia segundo a qual a sociedade brasileira não é racista. A análise qualitativa desenvolvida parte da visão de brasileiros afrodescendentes, estudada através de um questionário googledoc, tratado pelo Programa Iramuteq, e fundamentada nas teorias do círculo de Bakhtin em diálogo com Bourdieu. O estudo aponta de que modo a linguagem influencia as relações pessoais, especialmente como a palavra e suas valorações potencializam as tensões vividas entre grupos cada vez mais antagônicos.

Highlights

  • Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional

  • The present article deals with the way in which, in Brazilian society, the relations of alterities are translated in the current discourse of the present day, with respect to race relations

  • The study points out in what way language influences personal relationships, especially how the word and its values potentiate the tensions experienced between groups increasingly antagonistic

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Summary

Considerações iniciais

OBrasil é o segundo país em população negra no mundo, mas também um dos que possui as mais rígidas formas de hierarquias sociais. O filósofo russo interessou-se pela maneira como é produzida a significação das palavras e pelo funcionamento dos discursos da vida cotidiana, aqueles que se relacionam diretamente com a situação em que são produzidos, nos quais se identifica mais facilmente a natureza social da linguagem. Dessa forma, a língua é entendida não como um sistema abstrato de formas linguísticas à parte da atividade do locutor, mas como um “processo de evolução ininterrupto, constituído pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação, que é a sua verdadeira substância” Quando alguém formula enunciados, como “só poderia ser negro(a)” ou “trabalho de preto”, fica claro que não se trata unicamente da descrição de elementos da realidade, mas sim da associação ao imaginário coletivo, que o valora como uma afirmação pejorativa. Representantes de um conjunto maior, são impregnados de lembranças, ecos e referências de outras vozes discursivas que, ao atravessarem o enunciado, fazem emergir diferentes efeitos de sentidos

Vozes da discriminação em contexto
Branquitude e negritude no Brasil
Análise de relações de alteridade através da percepção dos afrodescendentes
Considerações finais
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