Abstract

Este trabalho investiga, no par de construções gramaticais “acredita nisso/acredita isso”, distinções semântico-pragmáticas suscitadas por diferenças sintáticas e licenciadas por contextos discursivos específicos. Tendo em vista o arcabouço teórico da Linguística Cognitiva, representado aqui por autores como Almeida (2010), Croft e Cruse (2004), Ferrari (2011), Goldberg (1995, 2006), Langacker (1999, 2007), Pascual (2014) e Talmy (2000), postula-se que os usos de “acredita nisso”, comuns a contextos de contraexpectativa reiterada e contraposição local, abarcam uma perspectiva mais objetiva sobre a cena evocada, sendo que, ao acionar o frame de crença, o enunciador evoca-o para o outro; já os de “acredita isso”, comuns a contextos de contraexpectativa local, envolvem uma perspectiva mais subjetiva do enunciador sobre a cena evocada, sendo que, ao acionar o frame de perplexidade, o enunciador invoca-o para si em detrimento da reação do interlocutor. O termo antecedente anaforicamente retomado pelo pronome “nisso” perfila a concepção própria do enunciador, em perspectiva conjuntiva; ao passo que o termo antecedente anaforicamente retomado pelo pronome “isso” perfila a concepção do interlocutor, em perspectiva disjuntiva. Se o verbo “acreditar” estiver sob o escopo da negação, dá-se o oposto: “nisso” perfila a concepção do interlocutor; “isso” perfila a concepção própria do enunciador. As hipóteses foram levantadas com base em dados extraídos de sites em português na internet.

Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call