Abstract

O presente artigo tem o objetivo de refletir sobre os limites do reconhecimento público e político da população negra no estado da Bahia. Para tanto realizamos uma análise comparativa dos contextos etnográficos do chamado turismo étnico-afro; de identificação, regularização e proteção dos territórios quilombolas frente a projetos de desenvolvimento na região do Recôncavo. Tomamos como universos empíricos a exploração turística em termos étnicos da Festa da Boa Morte e de algumas comunidades remanescentes de quilombo de Cachoeira e os conflitos das comunidades remanescentes de quilombos de Santo Amaro e municípios adjacentes frente à implantação de um empreendimento imobiliário de âmbito internacional na Ilha de Cajaíba, local considerado fundamental simbólica e materialmente por estes grupos. Em ambos os casos atentamos para as construções identitárias, retóricas da etnicidade, raça e cultura que emergem nesses processos e o quanto elas são aceitas ou não pelos diferentes agentes envolvidos. Práticas e manifestações culturais tidas como tradicionais são acionadas nos dois contextos com sentidos, intencionalidades e resultados distintos. Evidencia-se a grande resistência por parte tanto do Estado quanto da sociedade em reconhecer o negro como sujeito político ou de direito, mas tão somente como objeto cultural, marco da identidade regional e nacional brasileira. Desse modo, a cultura continua sendo o lugar por excelência reservado aos afro-brasileiros, isto é: o espaço da diferença.

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