O NADA EM SARTRE E ECKHART

Abstract

Resumo: Estudos atuais relacionam o nada (neant) em Jean-Paul Sartre (1905-1980) com o dos místicos medievais, entre os quais figura Mestre Eckhart (1260-1328). Um de seus sermões está citado textualmente por Sartre em Saint Genet – ator e mártir. Contudo, o filósofo francês não revela textualmente a fonte consultada. Em um primeiro momento, investigaremos a possibilidade de Sartre ter lido diretamente o místico alemão ou mediante a interpretação de Heidegger; ou ainda a do medievalista francês Etienne Gilson. Ao que parece, Sartre leu diretamente a obra do místico. No entanto, isso só nos leva a ter de mostrar, em outro momento, que a compreensão do nada (nicht) eckhartiano por Sartre resulta da leitura da obra do medievalista francês. É isso que, ao final, determinará a diferenciação entre um nada cognitivo e ideal, atribuído por Sartre a Eckhart, e um nada ontológico e existencial, resultante de seu existencialismo.Abstract: Current studies relate nothingness (neant) in Jean-Paul Sartre (1905-1980) with that of the medieval mystics, among which figures Master Eckhart (1260-1328). One of his sermons is textually cited by Sartre in Saint Genet — actor and martyr. However, Sartre doesn’t textually reveal the referred source. At first, we will investigate whether a direct reading of the German mystic occurred, or if its reception took place by means of Heidegger’s interpretation or that of French medievalist Etienne Gilson. As it seems, Sartre read directly from the mystic’s work. However, secondly, we will show that the understanding of nothingness (nicht) in Eckhart results from the French medievalist’s interpretation. That is what will, ultimately, determine the differentiation between the cognitive and ideal nothingness in Eckhart and the ontological and existentialist nothingness in Sartre.