Abstract

Neste artigo, analisa-se a evolução do método de filmagem do cineasta português Pedro Costa. Grande admirador do movimento punk dos anos 1970, Costa não esconde a influência que o movimento exerce no seu modo de fazer cinema. A partir da ideia do DIY – do it yourself – o diretor torna-se um bricoleur ao se utilizar da técnica da colagem na realização de seus filmes, principalmente na pré-produção. Trata-se aqui da bricolagem enquanto técnica. Desde O Sangue (1989), primeiro longa-metragem de Costa, até Cavalo Dinheiro (2014), o processo de produção do diretor tem progredido em direção a uma maneira de filmar própria e que cada vez mais se aproxima da Antropologia. O termo bricolagem surge consagrado na Antropologia por Lévi-Strauss, ao se referir ao pensamento mítico, contrapondo-o ao científico. No cinema, a figura do bricoleur é representada, especialmente, por Jean-Luc Godard. Procura-se ainda analisar as etapas em que consiste o processo de Costa, seu modus operandi, a partir do material extrafílmico que permeia sua obra, como suas entrevistas, escritas e o curso ministrado pelo diretor.

Highlights

  • Neste artigo, analisa-se a evolução do método de filmagem do cineasta português Pedro Costa

  • A frase acima, de Janice Caiafa (1985), escrita na introdução de seu livro sobre o movimento punk no Rio de Janeiro, pode ser usada para se referir não só ao surgimento do movimento em terras cariocas, mas, retirada do contexto, também podemos transpô-la à fotografia[2] dos filmes de Pedro Costa

  • Suas pesquisas atuam principalmente nos seguintes temas: cinema iraniano, antropologia visual, antropologia da performance, islã e teatro

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Summary

KELEN PESSUTO

RESUMO palavras-chave cinema português; movimento punk; bricoleur; antropologia visual; “não” atores. Este artigo analisa a influência da bricolagem nos longas-metragens de Pedro Costa, a partir do DIY – do it yourself, personificado na figura do bricoleur, utilizando não somente os filmes como parâmetro, mas, principalmente, suas entrevistas, seus escritos e o curso do qual participei, em 2016. A bricolagem, no sentido literal como abordado por Aumont, aparece com intensidade nos trabalhos de Jean-Luc Godard, uma das inspirações confessas do cinema de Costa.[6] Godard trabalha com a ideia da bricolagem imagética, quando utiliza materiais de arquivos, como filmes, fotos, cores, capas de livros e discos; textual, ao citar vários autores e ao utilizar anagramas e intertítulos, já muito explorados pelo autor desde a década de 1980; e a fonética ou sonora, a partir da colagem de sons. Já no cinema de Pedro Costa, que costuma se referir a seu método como colagem, a bricolagem aparece na apropriação de materiais, não aqueles já filmados, mas sim encontrados pelo cineasta (2012, 2013, 2016a, 2016b). Seu método se aproxima também do cinema curdo, principalmente daquele praticado por Bahman Ghobadi, que nega as grandes produções, os roteiros pré-concebidos, os atores profissionais, os cenários e os estúdios, em favor de um cinema mais documental, no qual participam “não” atores e suas experiências.[8]

BRICOLAGEM NA CONCEPÇÃO
UM MÉTODO DEMOCRÁTICO
Quarto de Vanda
CONTADOR DE HISTÓRIAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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