Abstract

O estatuto variável do imperativo de 2ª pessoa do singular, fenômeno profícuo no português brasileiro (PAREDES SILVA et al., 2000; SCHERRE, 2003; 2007; 2012; RUMEU, 2016; 2019; CARVALHO, 2020) é o tema central deste artigo. Assim, a partir do exame de cartas mineiras oitocentistas e novecentistas (1868-1993) autografadas por escritores cultos, procura-se averiguar o efeito que a referência ao sujeito de 2ª pessoa (CARDOSO, 2012; DINIZ, 2018) e às seções do gênero carta pessoal (SILVA, 2017) pode exercer sobre o fenômeno. Essa análise, orientada pelos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística (LABOV, 1972; ROMAINE, 1982; HERNÁNDEZ-CAMPOY; SCHILLING, 2012), comprova essa influência, tendo em vista a força da tradição gramatical (ROCHA LIMA, 2013 [1972]) sobre os escreventes e a presença de Tradições Discursivas (KABATEK, 2006) do gênero textual.

Highlights

  • O imperativo em variação na escrita mineira: o papel do sujeito e das seções das cartas

  • Based on the examination of the letters from the nineteenth and twentieth century (1868-1993) autographed by educated writers from the state of Minas Gerais, we seek to ascertain the effect that the reference to the 2nd person subject (CARDOSO, 2012; DINIZ, 2018) and to the sections of the personal letter genre (SILVA, 2017) may have on the phenomenon

  • O linguista também avaliou a incidência de formas tratamentais na deflagração do fenômeno, evidenciando que as formas nominais (77%, 34 oco, 0.57) e as formas de tratamento não explícito (82%, 241 oco, 0.56) impulsionaram o imperativo verdadeiro enquanto as formas senhor/senhora (68%, 11 oco, 0.24) tenderam a propiciar o imperativo supletivo

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Summary

O imperativo de 2SG e a referência de sujeito: estudos norteadores

O modo imperativo caracteriza-se, conforme Searle (1969 apud FARIA 2006), pela presença de uma força ilocucionária própria de situações interativas que exprimem a semântica da ordem, do pedido e da súplica. Tendo em vista que no Rio de Janeiro o você parece prevalecer sobre o tu predominantemente sem concordância (SHERRE, 2012)[5], Diniz (2018) expõe resultados percentualmente semelhantes aos de Cardoso (2012) sobre a relação entre sujeito das cartas e a expressão imperativo. A complementaridade entre as formas indicativas e o sujeito tu bem como entre as formas subjuntivas e o sujeito você, existentes nos corpora analisados, parecem ser um indício da influência da tradição gramatical sobre os indivíduos, que, apesar da variação, ainda tende a exercer uma forte atuação sobre a expressão imperativa. De modo semelhante aos estudos realizados por Cardoso (2012) e Diniz (2018), procura-se averiguar como as formas imperativas das cartas mineiras se comportarão diante do contexto de sujeito. Entretanto, passa-se, na seção seguinte, à abordagem sobre a carta pessoal, tendo em vista as tradições discursivas próprias desse gênero

A carta pessoal: gênero e tradição discursiva
Cartas mineiras em foco: o tratamento do corpus
O imperativo de 2SG em análise: a influência da referência de sujeito
Findings
O imperativo de 2SG em análise: a atuação das seções da carta
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