Abstract
A palavra antipapa integra o vocabulário básico de todo estudioso da Idade Média. Antigo e familiar, este termo, todavia, esconde uma atitude intelectual repleta de implicações para o conhecimento do passado: ele nos induz a qualificar e avaliar, de maneira imediata e frequentemente isenta de espírito crítico, o significado histórico assumido por conflitos políticos e relações sociais decisivos para a constituição da Igreja romana e da Cristandade. Este artigo tem um duplo propósito: debater a pertinência analítica deste conceito elementar e, sobretudo, examinar uma importante razão para sua irrestrita perpetuação historiográfica. Para isso, propomos um texto que aborde não só a difícil relação do vocábulo antipapa com a complexidade da realidade medieval, mas que explore os laços existentes entre sua utilização e as expectativas e projeções sociais dos próprios historiadores.
Highlights
The word antipope is included in the basic vocabulary of every researcher of the Middle Ages
E-mail: leandrorust@yahoo.com.br the links that bound its conceptual use to the social expectations and projections of the historians themselves
Talvez esteja aí uma chave explicativa para compreendermos por que as historiografias dos séculos XIX e XX acolheram como que mecanicamente a figura do líder reformador e foram tão pouco exigentes ao criticá-la: ela harmonizava-se com suas visões de uma história construída por personagens cujo protagonismo político expressa um gênio moral, o homem-síntese de virtudes e valores de uma época, o herói de um espírito nacional
Summary
The word antipope is included in the basic vocabulary of every researcher of the Middle Ages. O arcebispo de Ravenna era o único a ter sido aclamado papa por meio do sufrágio eclesiástico, de uma eleição – distinção que o próprio Guiberto ressaltava em suas cartas, com indisfarçável altivez
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