O filme Reparação e o debate sobre a luta armada como veículo para o antipetismo no cinema brasileiro contemporâneo

Wallace Andrioli Guedes

doi:10.14591/aniki.v5n2.399

Abstract

Esse artigo tem como foco o documentário Reparação (2010), de Daniel Moreno, que aborda casos de pessoas comuns que foram de alguma forma atingidas por ações da luta armada de esquerda no período da ditadura militar brasileira (1964-1985). O objetivo é analisar esse filme levando em conta a história do tratamento cinematográfico dispensado aos temas da luta armada e da referida ditadura, que tem início ainda na década de 1960, considerando-se ainda o momento contemporâneo do cinema brasileiro, no qual se verifica a emergência de um conjunto de produções ideologicamente alinhadas com a direita, crítica, sobretudo, aos governos do Partido dos Trabalhadores (PT).

Highlights

Diretamente apenas em escolhas concretas, sobretudo nas formas como o realizador dialoga com a tradição de cinema na qual se inscreve sua obra.
No que concerne à luta armada, Hércules 56, para Fernandes, promove uma amenização das discordâncias sobre seu significado no contexto ditatorial, minimizando a derrota revolucionária no período, para ressaltar os frutos da luta colhidos a longo prazo: a democracia, os avanços políticos e sociais do país, etc., algo materializado na fala de Franklin Martins, um dos responsáveis pelo sequestro do embaixador norte-americano e entrevistado do filme: “Eu não tenho dúvidas de que o Brasil é muito melhor hoje do que era há 20 ou 30 anos.
Tal governo é em parte associado ao passado de luta radical contra a ditadura, já que diversos de seus membros são exguerrilheiros, e também é associado – nesse caso, pelo filme e por discursos politicamente conservadores – a uma suposta continuidade do autoritarismo das esquerdas, por se posicionar como aliado de regimes como o cubano.