Abstract

O presente trabalho tem por objetivo descrever modos de brincar de crianças com deficiência visual na situação de brincadeira faz-de-conta em pequenos grupos, enfocando a construção de conhecimentos. Participaram do projeto quatro crianças de quatro a sete anos, com diagnóstico de deficiência visual (baixa visão ou cegueira), algumas com outros problemas orgânicos associados. A maioria freqüentava pré-escola; e várias crianças eram caracterizadas por alterações no desenvolvimento e/ou apresentavam dificuldades escolares. Foram realizadas seis sessões com dois grupos de crianças, que duravam em média 25 minutos, nas quais eram oferecidos diferentes brinquedos propícios ao faz-de-conta (miniaturas de cozinha e quarto, bonecos e carrinhos). As sessões foram filmadas, transcritas e analisadas, buscando-se selecionar trechos representativos de capacidades das crianças, em suas várias manifestações. A análise das transcrições permitiu a identificação de capacidades das crianças, relativas a: a) reconhecimento de objetos e criação de cenas; b) criação de narrativas e faz-de-conta; c) exploração de objetos por criança que usualmente recusava qualquer tipo de contato; d) construção conjunta de significados. Considerou-se que as situações de brincadeira faz-de-conta proporcionaram o reconhecimento de habilidades que normalmente não seriam notadas em atividades cotidianas e/ou dirigidas. A interação entre parceiros e a situação de brincadeira relativamente livre, mediada por adultos, que buscavam principalmente facilitar e propiciar o brincar, proporcionou um ambiente favorável às múltiplas elaborações das crianças. Essa proposta, com foco no processo de construção de conhecimentos e habilidades permitiu descrever e promover o desenvolvimento das crianças com deficiência, mais do que caracterizá-las por suas incapacidades.

Highlights

  • RESUMO: o presente trabalho tem por objetivo descrever modos de brincar de crianças com deficiência visual na situação de brincadeira faz-de-conta em pequenos grupos, enfocando a construção de conhecimentos

  • ABSTRACT: the aim of the present study was to describe some modalities of pretend play in visually impaired children during interactions in small groups

  • The project was developed with four children, aged 4-7 years, with a diagnosis of visual impairment, some of them with additional organic problems

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Summary

MÉTODO PARTICIPANTES

Participaram do projeto oito crianças, todas com diagnóstico de deficiência visual (cegueira ou baixa visão), algumas delas com problemas orgânicos adicionais. Serão apresentados os resultados relativos a quatro crianças, que permaneceram nas atividades do ano, com poucas ausências, caracterizadas a seguir: Grupo I:7 Júlia, 5 anos e 1 mês,[8] cegueira, microftalmia bilateral congênita, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Freqüentava pré-escola regular, com queixas de curta permanência nas atividades propostas. Freqüentava pré-escola regular, com queixa de pouca atenção às atividades propostas pela professora. PROCEDIMENTO DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS Foram realizadas seis sessões de brincadeira “livre”, três por grupo, com duração média de 25 minutos, nas quais eram dispostos os brinquedos previamente selecionados pelo pesquisador. As sessões foram transcritas em seqüência temporal, com foco no grupo como um todo, ou, mais freqüentemente, nos subgrupos que estivessem desenvolvendo atividades conjuntas e distintas de outros subgrupos, enquanto estas durassem. O conceito de episódio adotado foi o definido por Carvalho et al (1996), que consideram como um episódio uma seqüência interativa ou trecho de registros em que seja possível delimitar um grupo de sujeitos pela organização espacial ou pela participação em determinada atividade

RESULTADOS
RECONHECIMENTO DE OBJETOS E CRIAÇÃO DE CENAS EPISÓDIO
CRIAÇÃO DE NARRATIVAS E FAZ-DE-CONTA EPISÓDIO: “COMIDA PARA O NENÊ”
EXPLORAÇÃO DE OBJETOS POR CRIANÇA QUE USUALMENTE RECUSAVA QUALQUER TIPO DE
CONSTRUÇÃO CONJUNTA DE SIGNIFICADOS EPISÓDIO: “A CAMA TÁ FURADA!”
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