Abstract

Onde se sente o Europeu verdadeiramente em casa senão na sua formação intelectual,na sua língua materna e na sua confissão religiosa? É à luz desta tripla determinaçãoque examinamos a imagem da “casa europeia”, ao mesmo tempo, como qualquer casa,inclusiva e exclusiva. Mas a esse sentimento de familiaridade e de pertença opõe-se cadavez mais a angústia de uma despossessão. As normas da cultura universitária e as condiçõesda sua permanência estão ameaçadas, a liberdade de falar a sua língua nacional,em vez de uma “lingua franca” limitativa, vê-se reduzida ao espaço privado, o direitode atestar a inspiração cristã da Europa histórica e comunitária exerce-se com crescentereticência. Como não experimentaria o Europeu, identificando-se com estes valores contestados,os seus “penates”, o doloroso sentimento de ver a sua casa irremediavelmentehipotecada?

Highlights

  • Para ser perfeitamente sincera, não sei bem a que título tenho o prazer e a honra de participar nesta jornada consagrada à “Europa: uma casa comum”

  • Aliás retomando uma imagem do polemista francês Alain Finkielkraut, existe uma terceira possibilidade: acolher o estrangeiro numa “casa vazia” ou esvaziada dos valores com os quais os Europeus se identificaram durante muito tempo, pois é assim que lhe aparece a Europa, prisioneira do seu idealismo moral ou, para citar o autor: “Ce n’est plus son héritage que l’Europe met en avant, ce sont les valeurs de respect et de tolérance

  • Se o europeu tem penates que leva consigo, é nos valores com os quais se familiarizou na sua juventude estudiosa que os encontra: o respeito pela investigação desinteressada, pela difícil busca da verdade, o gosto pelas ideias abstractas, a confiança no método e no trabalho

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Summary

Introduction

Não sei bem a que título tenho o prazer e a honra de participar nesta jornada consagrada à “Europa: uma casa comum”. A minha qualidade de professora de literatura francesa não me autorizaria a monopolizar a vossa atenção: tudo parece ter sido dito sobre a presença da ideia de Europa em escritores como Jules Michelet, Victor Hugo, Paul Valéry, André Gide ou Jules Romain – apesar de ser de toda a justiça relembrar como e quanto cada um deles contribuiu para elevar os espíritos acima dos horizontes nacionais, fazendo-nos tomar consciência do indissolúvel parentesco das nossas culturas.

Results
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