Abstract

Este trabalho revisa o conceito de auto-estima em alfabetização de adultos com base na noção de face, ou imagem do self, que é pública e se relaciona à expectativa dos indivíduos de serem reconhecidos e autônomos. Em alfabetização de adultos, a auto-estima, entendida na perspectiva das faces, não pode ser vista como algo a ser elevado para satisfazer desejos cuja referência é somente o indivíduo. Impõe-se revisar o conceito considerando a recorrência do seu uso em alfabetização de adultos. Os dados foram coletados em entrevistas áudio-gravadas com sete alfabetizandos, em duas salas de aula do Projeto Brasil Alfabetizado do Município de Recife. As respostas analisadas sugerem o desejo de autonomia dos entrevistados1 em relação às práticas cotidianas da escrita e demonstram que, no processo da alfabetização, as mudanças na esfera das suas identidades ocorrem em meio a conflitos e tensões gerados pelas expectativas pessoais e sociais dos aprendizes.

Highlights

  • Maria Lúcia Ferreira de Figueirêdo Barbosa *Este trabalho revisa o conceito de auto-estima em alfabetização de adultos com base na noção de face, ou imagem do self, que é pública e se relaciona à expectativa dos indivíduos de serem reconhecidos e autônomos.

  • Esse fato chama a atenção para a necessidade de uma maior compreensão e possível atualização da noção de auto-estima em alfabetização de jovens e adultos, tendo-se em vista o quanto o conceito é, do ponto de vista semântico, carregado de conotação psicológica, cuja proeminência leva corriqueiramente à desconsideração de outros aspectos de ordem cultural, social, econômica e política, os quais certamente contribuem para que os indivíduos não alfabetizados vejam a si mesmos de forma negativa.

  • Por exemplo, a face se baseia muito mais em necessidades do falante – foco no eu –, do que em culturas orientais, cujo foco interacional se centra nas necessidades do ouvinte – foco no outro

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Summary

Maria Lúcia Ferreira de Figueirêdo Barbosa *

Este trabalho revisa o conceito de auto-estima em alfabetização de adultos com base na noção de face, ou imagem do self, que é pública e se relaciona à expectativa dos indivíduos de serem reconhecidos e autônomos. Esse fato chama a atenção para a necessidade de uma maior compreensão e possível atualização da noção de auto-estima em alfabetização de jovens e adultos, tendo-se em vista o quanto o conceito é, do ponto de vista semântico, carregado de conotação psicológica, cuja proeminência leva corriqueiramente à desconsideração de outros aspectos de ordem cultural, social, econômica e política, os quais certamente contribuem para que os indivíduos não alfabetizados vejam a si mesmos de forma negativa. Por exemplo, a face se baseia muito mais em necessidades do falante – foco no eu –, do que em culturas orientais, cujo foco interacional se centra nas necessidades do ouvinte – foco no outro

Ethos na alfabetização de adultos
AS FACES E A CONSTRUÇÃO DO ETHOS DOS ENTREVISTADOS
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