Abstract
Em tempos de uma suposta crise de refugiados, é urgente uma genealogia das actuais concepções de refúgio na Europa, examinando como articulam uma racionalidade colonial, elidindo os persistentes circuitos desiguais de trabalho e subjectividade entre estados europeus e territórios historicamente ocupados. O artigo defende que os estudos do ambiente construído podem contribuir para este projecto devido à sua atenção às dimensões do espaço-tempo social de refúgio, relacionando política, desigualdade, e fantasia. Recorda o aldeamento colonial europeu de meados do século passado enquanto espaço de deslocamento forçado que ensaia a relação do estado com o sujeito refugiado, concentrando-se numa revisão da literatura existente sobre o programa de aldeamento colonial português em Moçambique.
Highlights
INTRODUÇÃO Há mais de quatro décadas, o crítico de arte inglês John Berger publicou o seu livro The Seventh Man, argumentando que o modo como os aparelhos estatais governavam a circulação de migrantes dos estados da bacia do Mediterrâneo para o Noroeste Europeu era crucial para o funcionamento dos estados-providência da região (Berger, 1975), e em particular para a articulação desigual do que mais tarde Ong designaria como “elementos de cidadania” no seio dos estados1
In times of a purported refugee crisis, it is urgent to undertake a genealogy of present-day conceptions of refuge in Europe, examining how the latter articulate a colonial rationality, eliding the persistent unequal circuits of labour and subjectivity between European states and erstwhile occupied territories
The paper defends that built environment studies can contribute to this project due to their attention to the dimensions of the social space-time of refuge, relating politics, inequality, and phantasy
Summary
INTRODUÇÃO Há mais de quatro décadas, o crítico de arte inglês John Berger publicou o seu livro The Seventh Man, argumentando que o modo como os aparelhos estatais governavam a circulação de migrantes dos estados da bacia do Mediterrâneo para o Noroeste Europeu era crucial para o funcionamento dos estados-providência da região (Berger, 1975), e em particular para a articulação desigual do que mais tarde Ong designaria como “elementos de cidadania” no seio dos estados1.
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