Abstract

Este artigo tem por objetivo geral analisar a configuração do espaço no romance Dois irmãos, de Milton Hatoum. Para tanto, será investigado, principalmente, o modo como a errância e o exílio, vividos pelas personagens, relacionam-se à configuração do espaço na narrativa. A metodologia contempla os estudos teórico-críticos formulados por Certeau (2014), Bhabha (2013), Maffesoli (2001), Said (2003), dentre outros. Os resultados de análise apontam para uma problematização a respeito da relação entre o sujeito e o espaço construído socialmente por aqueles que, em busca de uma identidade, são afetados pela sensação de não-pertencimento. Por essa perspectiva, portanto, o romance de Hatoum evidencia o espaço do exilado e do imigrante para pensar o sentido de identidade em tempos contemporâneos.

Highlights

  • Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional

  • This article aims to analyze the configuration of space in Milton Hatoums novel

  • The methodology contemplates the theoretical-critical studies formulated by Certeau

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Summary

Considerações iniciais

Oescritor contemporâneo Milton Hatoum publicou, em 2000, o romance Dois irmãos, traduzido para vários países como: França, Líbano, Alemanha, Itália, entre outros. No romance Dois irmãos, o lugar pode ser compreendido como relacional e histórico, pois além de Zana e Halim constituírem família e casa em terras alheias, a narrativa resgata a memória histórica da cidade de Manaus com seus sonhos de modernidade, que se esfacelam juntamente com a vida das personagens. Da solidão e da errância que, segundo Augé, são ocasionadas pelos não-lugares poderão ser observadas, no romance de Hatoum, na composição das identidades fragmentadas do narrador e dos imigrantes; no exílio de Yaqub que é obrigado a deixar a terra natal e viajar para o Líbano, perdendo o contato com os laços afetivos e culturais; na errância de Halim ao se ausentar constantemente da casa para perambular pelas ruas de Manaus e pelo rio – metáfora de um lugar em trânsito – envolvido pela solidão e a saudade da terra de origem. O espaço literário, mais do que apenas um cenário em que as personagens são descritas, funciona como componente subjetivo que revela aspectos sociais, culturais e históricos das personagens, além de evidenciar múltiplos sentidos na constituição da narrativa

Errância e exílio: identidades em trânsito
Considerações finais
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