Abstract
A ciência e a tecnologia evoluíram de forma significativa, dentro de uma filosofia global, modelos de ensino, pesquisa, e trabalho foram adotados como possíveis soluções para os problemas da sociedade, mas sem a força transformadora necessária, pois observa-se a continuidade dos problemas das classes menos favorecidas. O engenheiro agrônomo incorporou as inovações e exigências da modernização, objetivando atender as necessidades de grupos restritos que determinam como deve ser o processo produtivo dentro desta realidade. Porém a formação voltada para o desempenho, o conhecimento das técnicas, e o cumprimento de metas e objetivos previamente propostos, distanciou o engenheiro agrônomo dos meios urbano e da pequena propriedade rural que desenvolve a agricultura de subsistência, a agricultura social, que não foram mais contemplados com soluções para as suas necessidades. A sociedade urbana tem uma idéia errônea e parcial sobre o engenheiro agrônomo que é a de vendedor de agrotóxicos, vinculando indevidamente o exercício da agronomia como algo ruim, contra o meio ambiente e a saúde das pessoas. O engenheiro agrônomo continua a ser formado com base numa abordagem pedagógica tradicionalista, em que os conhecimentos técnicos são repassados por especialistas. O modelo de ensino de agronomia brasileiro não possibilita a capacitação profissional em implementar alternativas eficazes diante da crise e dos problemas da atualidade, necessários para responder aos desafios e demandas atuais dos diferentes setores da nossa sociedade. A educação é um processo intencional e a ação educativa uma prática exercida por professores em situações planejadas, portanto é possível ocasionar mudança de atitude nos acadêmicos, formando além de profissionais, cidadãos mais comprometidos com a realidade social, econômica, ambiental e política em que vivemos. Este trabalho foi desenvolvido durante o desenrolar dos conteúdos da disciplina "Agricultura I" do Curso de Agronomia da Universidade Estadual de Ponta Grossa no primeiro semestre de 1998 e 1999 e teve por objetivos, possibilitar a mudança de atitude dos alunos trabalhando-se com conhecimentos, habilidades e atitudes alicerçados numa metodologia fundamentada na formação reflexiva crítica, buscando assim uma contribuição maior do ensino de fitotecnia através do estudo da agricultura para a formação acadêmica, abordado através da construção do conhecimento. Após o término dos trabalhos foram realizadas avaliações no final do período, aos seis meses e um ano, a fim de se verificar se os conhecimentos, habilidades e atitudes de caráter social e humano permanecem, se ampliam ou se diluem ao longo do curso e se esta nova maneira de trabalhar contribui para o desenvolvimento de melhores profissionais e cidadãos. Verificou-se que os conceitos não se alteram e apesar das dificuldades de se implantar uma metodologia que permita uma formação reflexiva crítica por meio da construção do conhecimento, o trabalho é viável, e uma vez iniciado, seus efeitos são irreversíveis e são a chave quando se pensa na construção de um aluno reflexivo e criador e na formação de um professor sujeito de seu ensino e comprometido com a mudança.
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