Abstract

RESUMO O ensino da língua inglesa é um importante meio de construção de identidades sociais, dentre elas, a de classe (BLOCK, 2013). Entretanto, o número reduzido de investigações a esse respeito tem deixado de chamar a atenção para sua importância. Neste artigo, buscamos discutir por que a questão da identidade de classe social deve se tornar um aspecto relevante a ser considerado e investigado no ensino-aprendizagem de línguas, em especial aqui em relação à língua inglesa. Também buscamos, por meio da Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2003, VAN DIJK, 2015), apresentar um recorte de uma pesquisa que investiga de que maneira o livro didático, um instrumento de autoridade na sala de aula (TÍLIO, 2010; CORACINI, 1999), constrói identidades de classe social e quais os significados dessas identidades. Os resultados reforçam a premissa de que o ensino de inglês é, em grande medida, espaço de construção de identidades de classe, contribuindo para a manutenção de exclusões e desigualdades.

Highlights

  • English language teaching is an important means of constructing social identities, and among those identities we have social class identity (BLOCK, 2013)

  • É possível encontrar em todos os cantos do planeta dados que mostram como as desigualdades imperam, como as possibilidades de aquisição são díspares entre os grupos de indivíduos e como uma pequena parcela da população mundial acumula riquezas enquanto uma grande maioria se torna cada vez mais pobre e com menores condições de dignidade humana

  • Estudos que discutem sobre o insucesso do ensino de inglês no Brasil têm enfatizado que a escola pública, não cumprindo com a missão de ensinar a língua inglesa, contribui para que classes menos favorecidas deixem de se tornar usuárias dessa língua, reproduzindo, assim, a ordem econômica e social vigentes (COX; ASSIS-PETERSON, 2008, p. 36)

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Summary

Práticas de construção identitária

Falar de identidades é falar de quem e do que somos (BLOMMAERT, 2005) a partir de uma concepção de língua e linguagem que vai além da ideia de simples descrição de realidades pré-concebidas. Segundo a qual fazer uso de linguagem é formar – realizar, operar – e transformar o mundo social (FAIRCLOUGH,1992), uma das coisas que fazemos na linguagem é a própria formação de quem nós somos, isto é, fazemos a nós mesmos. É precisamente porque as identidades são construídas dentro e não fora do discurso que nós precisamos compreendê-las como produzidas em locais históricos e institucionais específicos, no interior de formações e práticas discursivas específicas, por estratégias e iniciativas específicas. Fairclough (1992) também reconhece que a identidade é construída pela linguagem, não sendo, portanto, um dado da natureza, mas o resultado de uma política de representação estabelecida pela linguagem, comportando-se como uma prática discursiva, a qual se enquadra numa dada prática social. A identidade, assim, tem significados que não são naturais e fixos, mas provisórios, como se dá com a própria linguagem. Compreendendo dessa forma o papel da linguagem para as práticas identitárias, buscamos discutir, a seguir, identidades de classe social

Para um conceito de classe social
Metodologia de análise
Algumas considerações
Referências bibliográficas
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