Abstract

Este estudo tem um cariz preponderantemente sócio-antropológico, versando as tradições, as crenças, os mitos, os ritos, enfim, o modo como a comunidade humana imagina o post mortem e cuida de alguém que morreu. No entanto, depois de uma rápida digressão histórica sobre a morte no Ocidente, tomando como fonte obras de Philippe Ariès (1975 e 1977), Louis-Vincent Thomas (1985), e Maria Manuel Oliveira (2007), o meu propósito visa sobretudo a contemporaneidade, onde as transformações operadas na cultura pelas tecnologias e pelos media, de tão profundas, vieram alterar, ao longo do século XX, o sentido que tanto damos à vida como à morte.

Highlights

  • Resumo: Este estudo tem um cariz preponderantemente sócio-antropológico, versando as tradições, as crenças, os mitos, os ritos, enfim, o modo como a comunidade humana imagina o post mortem e cuida de alguém que morreu

  • pela hibridez da forma de borboletas adultas com a sugestão de crisálidas no rebordo das asas

  • Moisés de Lemos (2010) “A mobilização infinita numa sociedade de meios sem fins”, Álvares, Cláudia & Damásio, Manuel (Org.) Teorias e práticas dos media

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Summary

No corpo morto está sempre o que socialmente somos

O meu ponto de partida é o século IX de Carlos Magno e a sociedade rural tradicional. Apesar de este ritual laico de preparação estética dos cadáveres poder ser considerado sob o signo da esperança e da pacificação, embora esta cosmética tenha um caráter fúnebre e a maquilhagem um gosto duvidoso, podemos, igualmente, encarálo pelo lado grotesco, nos termos em que Bakhtin (1970: 29) o caraterizou, de uma transposição de “todos os cerimoniais e ritos para o plano material e corporal”. Refiro-me às consequências da imersão da técnica na vida e nos corpos, uma imersão que dá azo à deslocação da ideologia para a sensologia (das ideias para as emoções); à deslocação de uma sociedade de fins universais para uma sociedade de meios sem fins (com a tecnologia a sobrepor-se aos princípios teleológico e escatológico na história e a desmantelar o fim de uma história com génese e apocalipse, impondo-nos o presentismo e o instantaneísmo); enfim, refiro-me à deslocação da história no sentido da sua aceleração infinita e da mobilização total do humano (Virilio, 1995; Sloterdijk, 2000; Martins, 2010, 2011). Onde ele se revê hoje é sobretudo nas figuras que acentuam a sua condição transitória, tacteante, contingente, fragmentária, múltipla, imponderável, nomádica e solitária

Um imaginário com a morte nos olhos
A série televisiva Bones
Representações da morte na programação televisiva
Representações da morte nas notícias sobre a infância
De uma condição pacificada a uma condição atormentada
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