Abstract

O meme Bela, Recatada e do Lar começou a circular de forma aleatória após a revista Veja realizar uma reportagem no dia 18 de abril de 2016, que falava da então primeira dama Marcela Temer trazendo como elogios e atributos positivos o fato dela ser uma mulher “bela, recatada e do lar”. Em poucos dias ele se transformou em uma poderosa ferramenta midiática contra-hegemônica para fazer frente à narrativa criada pela revista sobre os atributos da feminilidade. Neste artigo pretende-se analisar as construções simbólicas que permitiram a expansão desse meme. Para tanto, serão interpretados, a partir de uma análise de expressão simbólica, fundamentada na literatura sobre gênero, os memes imagéticos concentrados no Tumblr www.belarecatadaedolar.tumblr.com. O critério de escolha dessa rede é motivado pela aleatoriedade da contingência da criação espontânea de uma narrativa virtual, já que todos os modelos de corpos que estão nessa rede social foram enviados voluntariamente por mulheres que buscavam desmistificar a imagem da mulher ideal como sendo aquela que tem a tríade de adjetivos narrados pela revista. Na análise, identifica-se que, os avanços tecnológicos e o feminismo em rede apresentam uma nova lógica no pensar e agir feminista, e os memes imagéticos analisados tornam-se ferramenta de disseminação mais rápida e em grande escala pelo seu alto grau de replicabilidade, tendo como principal modelo a representação de um corpo-bandeira (GOMES; SORJ, 2014) emancipatório e plural. O novo ambiente virtual onde se localizam os memes se propõe a debater questões do movimento feminista como: a relação público/privado, direito ao corpo, mudanças comportamentais e resistências a padrões definidos como sendo espaços reservados e associados aos homens.

Highlights

  • Ao longo da história social da cultura, o corpo da mulher é visto em diferentes abordagens categóricas, que atendem a necessidades socioculturais e econômicas, ou mesmo religiosas, que nem sempre estão de acordo com a subjetividade e desejos femininos. Wolf (1992) afirma que “desde a Revolução Industrial, as mulheres ocidentais da classe média vêm sendo controladas tanto por ideais e estereótipos quanto por restrições de ordem material.” (p. 18)

  • Essas redes vêm sendo usadas como espaço de argumentação e questionamentos no que diz respeito ao machismo e patriarcado e servem como difusores de uma ideologia feminista chamada de Quarta Onda, que busca a igualdade de gêneros, dando voz aos diversos tipos de feminismos e tem a internet como balizadora

  • O trabalho tem como objetivo identificar, qualificar e entender como ocorre a apropriação dos memes imagéticos no movimento feminista, que trazem o corpo feminino em destaque, que é usado no meio digital, de forma semipública, como ferramenta da luta feminista e na construção de discursos do movimento

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Summary

Introduction

Ao longo da história social da cultura, o corpo da mulher é visto em diferentes abordagens categóricas, que atendem a necessidades socioculturais e econômicas, ou mesmo religiosas, que nem sempre estão de acordo com a subjetividade e desejos femininos. Wolf (1992) afirma que “desde a Revolução Industrial, as mulheres ocidentais da classe média vêm sendo controladas tanto por ideais e estereótipos quanto por restrições de ordem material.” (p. 18). Essas duas teorias unem-se para entender como e porque nasce um meme feminista que usa o corpo da mulher para subversão da visão feminina colocada na reportagem da Revista Veja.

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