Abstract
Neste artigo, analiso como, em Ricardo Piglia (1941-2017), a escrita se coloca diante do fluxo vital. Para tanto, investigo de que modo, em seus escritos, a batalha pelo sentido termina por encontrar, na matéria em movimento, um obstáculo praticamente incontornável. Em minha reflexão, parto do corpo inerte como algo que convida a ficção a funcionar. A partir dessa ideia, sugiro que a busca do sentido atravessa a reflexão de Piglia, tanto na ficção quanto na crítica, e muito especialmente em sua relação com o gênero policial. A questão do sentido se adensa a partir da impossibilidade de narrar a experiência, tema benjaminiano que Piglia abraça com força. No final de meu percurso, interrogo uma substituição de palavras que descobri recentemente ao folhear os datiloscritos anotados por Piglia, que são parte de sua coleção pessoal, hoje guardada na biblioteca Firestone, em Princeton. Como sentido e verdade se relacionam? E como a narrativa oferece um espaço para que tal relação se desenrole plenamente? Essas são algumas das questões abordadas aqui, tendo a obra de Piglia simultaneamente como inspiração e objeto de análise.
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