Abstract
Brincar é uma atividade que promove o desenvolvimento das crianças, pois é a partir da brincadeira que as mesmas irão experimentar o mundo e se comunicar com ele. No entanto, há muitas crianças que não dispõe de condições ambientais satisfatórias para o brincar, como aquelas que possuem vivência de rua. A partir disso, este estudo objetivou compreender a experiência do brincar para crianças com vivência de rua. Para isso, realizou-se uma pesquisa de caráter qualitativo, que utilizou o método de Desenhos-Estórias. A coleta de dados foi realizada em uma instituição de acolhimento, sendo que participaram do estudo três crianças que têm e/ou tiveram vivência de rua, de ambos os sexos, que lá residiam. Os dados foram analisados a partir da análise de conteúdo temática. Com base nos resultados, pode-se considerar que o brincar pode ocorrer mesmo meio ao risco e à vulnerabilidade da rua, ainda que ele contenha algumas especificidades. Ainda, identificou-se que, para os participantes, o brincar prevalece sobre o perigo, uma vez que este ganhou pouco destaque se comparado àquele. Portanto, a pesquisa possibilitou uma maior compreensão acerca do fenômeno estudado, além de promover encontros nos quais as crianças puderam dialogar sobre suas experiências e expressar sentimentos.
Highlights
Houve um encontro inesperado, ocorrido certa vez em uma madrugada nas ruas do centro de uma cidade no interior do Rio Grande do Sul (Brasil), entre a autora e dois meninos já por ela conhecidos, da rede de proteção, ambos com onze anos de idade
Essa dinâmica culminou na medida protetiva de acolhimento institucional e também na ruptura total dos vínculos de Nicole com sua família
Luiz investiu significativamente em todos os desenhos, porém falava pouco, fazendo com que a pesquisadora tivesse de estimulá-lo em diversos momentos, inclusive na construção da estória
Summary
Ocorrido certa vez em uma madrugada nas ruas do centro de uma cidade no interior do Rio Grande do Sul (Brasil), entre a autora e dois meninos já por ela conhecidos, da rede de proteção, ambos com onze anos de idade. Ao reconhecer as crianças, a mesma saiu do carro em que se encontrava para conversar com elas. Foi sugerido aos meninos que retornassem à instituição de acolhimento onde residiam, uma vez que a rua poderia oferecer riscos naquele contexto. As respostas dadas por esses meninos, nesse episódio, apresentam-se até mesmo como um paradoxo à primeira vista, gerando algumas questões: Como a rua, espaço por vezes entendido como perigoso e ameaçador, pode ser um local onde essas crianças desejam estar? Que significados o ato de brincar pode assumir para essas crianças? A serviço de que está esse brincar, ou seja, quais seriam suas funções? De que forma esse brincar, durante a infância, ultrapassa os limites da gravidade de se estar em uma situação de risco e exclusão,. A ponto de os meninos rejeitarem a oferta de serem levados a um local que se dispõe à segurança e à proteção?
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