Abstract

Objetivamos discutir a crítica, avançada por Colin Howson em Hume's problem, segundo a qual o argumento do milagre (doravante, AM) comete a falácia da taxa-base. Por falácia da taxa-base, entende-se a negligência do valor da probabilidade prévia de determinada hipótese ou teoria T, P(T). Por sua vez, em uma de suas versões, AM assere que apenas assumindo que uma teoria científica madura T é aproximadamente verdadeira não faz de seu sucesso preditivo um milagre. Formalizado probabilisticamente, Howson argumenta que a conclusão de AM, a probabilidade de que a teoria T seja aproximadamente verdadeira é grande, apenas se segue se assumirmos para T um valor não-negligenciável. Tal crítica de Howson despertou duas categorias de reação na literatura especializada: supondo que AM comete a falácia da taxa base, alguns autores propuseram abandonar AM enquanto um argumento para a tese epistemológica do realismo científico, ao passo que outros defenderam que apenas uma versão de AM comete a falácia da taxa-base; defendendo que AM não comete a falácia da taxa base, certos autores alegaram alguns problemas na formalização probabilística de AM, enquanto outros buscaram refinar tal formalização de modo que a nova evite a falácia em questão. Tendo apresentado esse estado da arte, investigaremos se a formalização probabilística do argumento do milagre é razoável. Discutiremos se ela acomoda a natureza de inferência à melhor explicação pressuposta no AM. Por fim, indicaremos, brevemente, algumas dificuldades para a crítica de Howson ao assumir-se que AM instancia, na verdade, uma abdução Peirceana.

Highlights

  • We aim to discuss Colin Howson's objection, presented in his book Hume's problem, according to which the no-miracles argument (NMA) commits the base rate fallacy

  • Após criticar cada uma das premissas acima, Howson (2000: 55-57; 2013) defende que a conclusão de AMH apenas decorre de suas premissas ao assumirmos um valor não-negligenciável para a probabilidade prévia de que T é aproximadamente verdadeira: AMH comete, assim, a falácia da taxa-base

  • Legenda: GRAD (gradualismo), PROB (probabilismo), RC (revisão pela condicionalização), PP (princípio principal), PPE (princípio principal estatístico), PI (princípio da indiferença), PME (princípio de máxima entropia), PS (princípio da simplicidade)

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Summary

Introdução

The debate between scientific realists and anti-realists is one of the classics of philosophy of science, comparable to a soccer match between Brazil and Argentina. (AMH) Argumento do Milagre conforme Howson P1: Se uma teoria T prediz independentemente um dado observacional E e T não é aproximadamente verdadeira, então o seu acordo com E deve ser acidental. Sua primeira premissa (P1) afirma que, se uma teoria T prediz de modo independente E, isto é, sem ter sido elaborada para acomodar E, e T não é aproximadamente verdadeira, então seu acordo com E deve ser um resultado do acaso. Após criticar cada uma das premissas acima, Howson (2000: 55-57; 2013) defende que a conclusão de AMH apenas decorre de suas premissas ao assumirmos um valor não-negligenciável (maior que 0.2) para a probabilidade prévia de que T é aproximadamente verdadeira: AMH comete, assim, a falácia da taxa-base.. AMP leva, em suma, a um dilema claramente exposto por Sprenger (2016: 179; tradução nossa):9 “[...] AMP demonstra que (1) na medida que AM é valido, as suas premissas assumem inclinações realistas; (2) na medida em que AM é construído em premissas que são neutras entre o realista e o antirrealista, AM não consegue ser válido”

Estado da arte em relação à crítica de Howson
AMP e a inferência à melhor explicação
Considerações finais
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