Abstract

Este artigo analisa a obra do cineasta documental Silas Tiny, nascido em São Tomé e Príncipe, salientando a sua importância no modo como examina criticamente o período do poder colonial português sobre regiões africanas que se libertaram dessa dominação após o 25 de abril de 1974. O argumento principal que emerge da análise das suas duas longa-metragens é o de que o seu cinema documental se constrói a partir de imagens-dialécticas, no sentido que lhe é dado por Walter Benjamin e o seu pensamento crítico. A questão que ocupa Tiny é a da superação da relação temporal entre passado e presente por uma relação dialética entre o que foi (o outrora) e o que é (o agora). Bafatá, na Guiné-Bissau, é filmada pelo realizador em Bafatá Filme Clube (2012) como uma cidade-fantasma, povoada por espectros e aparições de defuntos num local à beira da extinção. O cinema é desta forma assumido como arte espectral que liga o presente ao passado, unindo a memória à ruína. Na obra seguinte, O Canto do Ossobó (2017), Tiny lida com as suas raízes pessoais. É, em simultâneo, um reencontro com São Tomé e um encontro com a sua história — ou talvez seja um encontro com esse lugar e um reencontro com a sua história. Este filme visa descobrir e preservar reminiscências, aquilo que lembra o passado, aquilo que o pode conservar na memória, mas sempre de forma incompleta e indefinida.

Highlights

  • Resumo: Este artigo analisa a obra do cineasta documental Silas Tiny, nascido em São Tomé e Príncipe, salientando a sua importância no modo como examina criticamente o período do poder colonial português sobre regiões africanas que se libertaram dessa dominação após o 25 de abril de 1974

  • São estas as razões para que a voz narradora dele seja tão importante, começando por evocar a sua história pessoal para a pouco e pouco trazer à memória a história coletiva do povo são-tomense

  • Como Tiny confessa no filme pela sua própria voz, ele não procurava apenas as suas recordações, mas também as dos outros, os momentos da vida dele que estavam contidos na história de quem o precedeu

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Introduction

Resumo: Este artigo analisa a obra do cineasta documental Silas Tiny, nascido em São Tomé e Príncipe, salientando a sua importância no modo como examina criticamente o período do poder colonial português sobre regiões africanas que se libertaram dessa dominação após o 25 de abril de 1974. A questão que ocupa Tiny é a da superação da relação temporal entre passado e presente por uma relação dialética entre o que foi (o outrora) e o que é (o agora). Na Guiné-Bissau, é filmada pelo realizador em Bafatá Filme Clube (2012) como uma cidade-fantasma, povoada por espectros e aparições de defuntos num local à beira da extinção.

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