Abstract

Este artigo analisa em que medida a introdução de novas tecnologias no processo produtivo da construção civil pode ser geradora de acidentes. No estudo de caso, procura-se demonstrar como a introdução de um novo tipo de escoramento para lajes nervuradas, utilizado para aumento da qualidade e da produtividade, produz novos riscos para os trabalhadores, causando acidentes. A origem desses acidentes está na ruptura entre a experiência do trabalho desenvolvida na situação anterior e a experiência ainda não plenamente desenvolvida na nova situação de trabalho. Um novo sistema de escoramento para laje pré-fabricada é introduzido imaginando-se ser necessário apenas um saber técnico específico (aprumar, alinhar, etc.), entretanto, a análise ergonômica do trabalho mostra que os acidentes acontecem porque os trabalhadores ainda não desenvolveram os saberes de prudência necessários para dominar os novos riscos.

Highlights

  • The article analyzes to what extent the introduction of a new building technology in a construction production process can cause accidents

  • The new slab mould propping system was introduced presuming it would demand only specific technical knowledge work ergonomic analysis has shown that accidents happen because workers have not yet developed the necessary caution awareness to face new risks

  • No Brasil, ainda predomina a concepção de que os “atos inseguros” ou “condições inseguras” se antepõem aos acidentes, conduzindo as análises a uma única causa, embora, nas últimas três décadas, a teoria multicausal venha ampliando os horizontes e reduzindo a importância das causas imediatas dos acidentes (ALMEIDA, 2001)

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Summary

Crítica dos modelos tradicionais

No Brasil, ainda predomina a concepção de que os “atos inseguros” ou “condições inseguras” se antepõem aos acidentes, conduzindo as análises a uma única causa, embora, nas últimas três décadas, a teoria multicausal venha ampliando os horizontes e reduzindo a importância das causas imediatas dos acidentes (ALMEIDA, 2001). A análise centrada na causa imediata do acidente não proporciona uma compreensão das circunstâncias da situação real do trabalhador no desenvolvimento de sua tarefa, deixando de levar em consideração todo um contexto que induziu o trabalhador a praticar o ato (DWYER, 1989). Como toda máquina é cultural (WISNER, 1991), contrapondo-se “erro humano” e “falha técnica”, não se consegue, também, compreender os acidentes e atuar na prevenção pelos seguintes motivos: (1) quando se explica o acidente em termos de erros humanos, deixam-se de fora outras causas nele envolvidas. A prevenção seria, assim, a introdução de procedimentos de segurança a serem adotados pelos trabalhadores, postos como um conjunto de medidas técnicas elaboradas por especialistas exteriores ao trabalho e transmitidas aos operários “supostamente ignorantes ou inconscientes dos riscos”. O coletivo de trabalhadores prefere, no entanto, renunciar aos modos de prevenção vindos do exterior e basear-se na “prevenção espontânea nascida dos saberes das profissões e das tradições operárias do setor da construção” (CRU & DEJOURS, 1987, p. 31)

Novas abordagens de acidentes
Inovação e acidentes
Por uma análise alternativa para entender o surgimento de acidentes
Resultados e discussão
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