Abstract

Este artigo tem o objetivo de negar a validade teórica do conceito de neopatrimonialismo, formulado por Simon Schwartzman, para compreender os dilemas de exclusão política do Brasil contemporâneo, pois o conceito é baseado em uma leitura apologética do diagnóstico de Max Weber sobre o Ocidente. A partir da análise bibliográfica, defendemos que o conceito de neopatrimonialismo está preso a uma visão empírica e teoricamente insustentável da modernidade política, que idealiza a dimensão democrática e constitucional do poder político moderno e ignora sua dimensão autocrática e não constitucional. Em seguida, apresentamos como alternativa teórica a sociologia política de Niklas Luhmann, pois descreve a política moderna como dividida nos circuitos de poder formal e constitucional, e informal e não constitucional. Desta forma, podemos analisar os processos de exclusão política no centro e na periferia sem a presença de idealizações sobre os países centrais.

Highlights

  • IntroduçãoA condução do Estado brasileiro ainda é um tema central entre nossos intelectuais. O processo de apropriação do público por interesses pessoais ganhou notoriedade com o conceito de “patrimonialismo”, que demarca uma força tradicional de dominação política que seria o grande entrave para a modernidade se institucionalizar no Brasil

  • Este artigo tem o objetivo de negar a validade teórica do conceito de neopatrimonialismo, formulado por Simon Schwartzman, para compreender os dilemas de exclusão política do Brasil contemporâneo, pois o conceito é baseado em uma leitura apologética do diagnóstico de Max Weber sobre o Ocidente

  • Situamos o uso dos conceitos de patrimonialismo e neopatrimonialismo no pensamento social e político brasileiro na linhagem

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Summary

Introdução

A condução do Estado brasileiro ainda é um tema central entre nossos intelectuais. O processo de apropriação do público por interesses pessoais ganhou notoriedade com o conceito de “patrimonialismo”, que demarca uma força tradicional de dominação política que seria o grande entrave para a modernidade se institucionalizar no Brasil. Devido à ausência de uma leitura cuidadosa sobre a construção do conceito e do sentido de sua utilização entre nós, temos como objetivo neste artigo analisar criticamente a formulação do termo e sua utilização para compreender a condução do Estado no Brasil contemporâneo. Situamos o uso dos conceitos de patrimonialismo e neopatrimonialismo no pensamento social e político brasileiro na linhagem de recepção específica que Weber recebeu no Brasil, orientada para retirar do autor conceitos que pudessem explicar ao “atraso brasileiro”, ou seja, nossos problemas de acesso à modernidade. Discutiremos como o conceito de neopatrimonialismo descreve fenômenos de inclusão política e social a fim de compreender países periféricos como possuidores de uma modernidade singular, na qual a diferenciação funcional entre política e sociedade seria solapada por estruturas específicas deste tipo particular de contexto nacional e regional. Por exemplo, as contribuições de Bachur, 2020; Saavedra, 2020 e Cadenas e Mascareño, 2020

A recepção de Max Weber no Brasil
Neopatrimonialismo e a singularidade brasileira
A idealização do poder político constitucional e democrático
Conclusão
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