Abstract

O objetivo deste trabalho é discutir a literatura escrita por mulheres de modo descentrado ao atribuído culturalmente ao feminino e à própria noção de mulher, que supõe, compulsoriamente, também a heterossexualidade. A leitura proposta tem como basilar o conceito de “outro lugar” (DE LAURETIS, 1994) para se pensar os discursos que habitam espaços dentro e fora da cultura dominante, o “ponto cego” implícito mas invisível, numa posição de contradição e resistência capaz de (re)construir e (re)inscrever o gênero. Inicialmente, busco demonstrar porque é aqui tensionada a noção de feminino, optando-se por pensar a literatura escrita por mulheres e sobre a lesbianidade como um discurso que provém desse espaço alternativo, das brechas do discurso hegemônico, ameaçando sua estabilidade. Em seguida, a obra Thérèse et Isabelle (2000) de Violette Leduc é aqui analisada para se pensar como esse discurso, cujo tema é não apenas uma experiência da mulher, mas a relação entre duas moças, se articula em um texto que explora o corpo desejante em sua pluralidade. Tal obra é apontada como pertencente ao “continuum lésbico” pensado por Adrienne Rich (2010), cuja própria existência já representa uma forma de ruptura do discurso hegemônico através das fendas que vão irrompendo dentro dele mesmo.

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