Abstract

A “torpeza” e a “pureza” que dão título a este texto são observadas por Graciliano Ramos no presídio da Ilha Grande. Lançado num ambiente hostil e desconhecido, o autor registra o processo de negação dos direitos e da dignidade dos presidiários, descritos através de expressões como “rebanho” e “fantasmas”. A convivência com prisioneiros originários contextos sociais e culturais em ampla medida desconhecidos abre caminho ao estranhamento, mas também a aproximações. Em Memórias da casa dos mortos, Dostoiévski se encontra em posição semelhante, e registra, com grande ênfase, a “pureza” em meio à “torpeza”, a afirmação da vida e da personalidade entre os “mortos” recolhidos na “casa” siberiana. O presente artigo tem como objetivo estabelecer comparações e aproximações entre as memórias carcerárias de ambos os literatos, a partir da problemática da negação da dignidade humana, e, por outro lado, da resistência dos presidiários, que lutam para afirmar suas vidas e personalidades, diante de circunstâncias restritivas e brutais.

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