Abstract

O presente artigo tem como objetivo identificar os percalços no ingresso e permanência das mulheres camponesas no curso de Licenciatura em Educação do Campo, do Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, da Universidade Federal do Piauí. Nesta pesquisa qualitativa foram realizadas entrevistas, conduzidas através de questionário semiestruturado, com cinco mulheres camponesas estudantes do curso supracitado. Foram relatados pelas entrevistadas como fatores limitantes tanto para ingresso como para permanência na universidade a não permissão dos maridos, maternidade, trabalho formal, dificuldades financeiras, distância das localidades onde moram ao campus universitário, ausência de alojamento e local para deixar filhos em idade não escolar, reduzida oferta de bolsas de auxílio, e preconceito de estudantes de outros cursos. Mesmo a Licenciatura em Educação do Campo sendo fruto da luta dos movimentos sociais e populares, ela ainda é excludente e limitadora quando tratamos do ingresso e permanência das mulheres camponesas, tanto devido ao espaço e gestão universitários como pelo sistema patriarcal, que impõe a essas mulheres a constituição de família e o cuidado dos filhos ao invés da formação acadêmica. Para essas mulheres camponesas a tão sonhada formação em um curso superior é algo possível e transformador, mesmo que para isso seja necessário quebrar as cercas do latifúndio educacional. Palavras-chave: educação do campo, camponesas, movimentos rurais, mulheres na universidade. Peasant women and the breaking of educational latifundium fences: from the countryside to higher education ABSTRACT. This article aims to identify the obstacles to the entry and permanence of peasant women in the Licentiate Degree in Countryside Education, at the Senador Helvídio Nunes de Barros Campus, at the Federal University of Piauí. In this qualitative research, interviews were carried out, conducted through a semi-structured questionnaire, with five peasant women students of the course. The interviewees reported as limiting factors for both admission and permanence at the university: the non-permission of their husbands, maternity, formal work, financial difficulties, distance from the places where they live to the university campus, lack of accommodation and place to leave their children of non-school age, reduced supply of scholarships, and prejudice from students from other courses. Even though the Licentiate Degree in Countryside Education is the result of the struggle of social and popular movements, it is still excluding and limiting when it comes to the entry and permanence of peasant women, both due to university space and management and the patriarchal system, which imposes on these women the constitution of a family and the care of the children instead of the academic formation. For these peasant women, the long-awaited training in a higher education course is something possible and transformative, even if it is necessary to break the fences of the educational latifundium. Keywords: countryside education, peasants, rural movements, women at the university. Las mujeres campesinas y la ruptura de los cercos del latifundio educativo: del campo a la educación superior RESUMEN. Este artículo tiene como objetivo identificar los obstáculos en el ingreso y permanencia de mujeres campesinas en la Licenciatura en Educación del Campo, en el Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, de la Universidad Federal de Piauí. En esta investigación cualitativa se realizaron entrevistas, mediante un cuestionario semiestructurado, a cinco mujeres campesinas estudiantes del mencionado curso. Las entrevistadas reportaron como limitantes tanto para el ingreso como para la permanencia en la universidad: la falta de permiso de sus maridos, la maternidad, el trabajo formal, las dificultades económicas, la distancia de los lugares donde viven al campus universitario, la falta de alojamiento y lugar para dejar hijos mayores de edad escolar, oferta reducida de becas y perjuicio de alumnos de otros cursos. Si bien la Licenciatura en Educación del Campo es el resultado de la lucha de los movimientos sociales y populares, sigue siendo excluyente y limitante en cuanto al ingreso y permanencia de las mujeres campesinas, tanto por el espacio y la gestión universitaria como por el patriarcado, que impone a estas mujeres la formación de una familia y el cuidado de los hijos en lugar de la formación académica. Para estas mujeres campesinas, la anhelada formación en un curso de educación superior es algo posible y transformador, aunque sea necesario para romper los cercos del latifundio educativo. Palabras clave: educación del campo, mujeres campesinas, movimientos rurales, mujeres en la universidad.

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