Abstract

Este trabalho parte das fotografias de Seydou Keïta produzidas entre os anos de 1948 e 1962 (segunda etapa da sua realização, posterior ao período inicial, de 1935 a 1948) em um estúdio em Bamako, no Mali. Diante de uma lente carregada de afetos, a dinâmica fotográfica se insere em uma espécie de jogo estético e social que franqueia aspectos compositivos (enquadramento, distância, fundo, pose, gesto) e etnográficos em um refinado trabalho de ressignificação das influências coloniais e das modas ocidental e africana encenadas nos retratos de estúdio. O fascínio pelo moderno e a dignidade ancestral surgem em fusões estéticas, de um apurado gesto de organização fotográfica que delimita a imagem social entre reapropriação criativa de estilos europeus e reenergização das tradições indumentárias africanas. A série de fotografias aqui apresentada abraça a característica composicional dos retratos de Keïta, estabelecendo uma ativa correspondência entre a transmissão de genealogias, a multiplicidade de referências culturais e a encenação da moda como um aspecto de narrativização discursiva, da autoafirmação da etnicidade pessoal.

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