Abstract

Na análise das transformações brasileiras do século XXI há polarizações envolvendo enaltecimento de mudanças inéditas na história do país e argumentação sobre o alcance limitado destas na crise contemporânea. Este artigo contorna estes extremos afirmando que o período expressa mudanças nas bases da dominação, focalizadas nas metamorfoses do caipira no Brasil rural e interiorano. Esta é retratada em estudos clássicos sobre Cunha-SP e Bofete-SP e revisitada no presente, destacando-se três aspectos: os anos 2000 recompõem o caipira na hierarquia social, combinando alterações e atualizações de velhas estruturas de dominação; novas ruralidades evidenciam processos heterogêneos de preservação de autonomia e tradição do caipira sob formas de contratualização da racionalidade capitalista e do mundo urbano e pós-industrial; aspectos ressaltados pelos clássicos da formação brasileira têm sustentação se entendidos sob o prisma das metamorfoses e articulações do material e do simbólico, das interdependências entre local e extra local, e das interpenetrações entre passado e presente.

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