Abstract
Este artigo se propõe a analisar as memórias de pequenos produtores rurais do assentamento Camucim (litoral sul da Paraíba) sobre um conflito de terra ocorrido no final dos anos 70 e início dos anos 80, do século XX. Essas memórias foram obtidas através de entrevistas de história de vida, que foram submetidas à Análise de Discurso. A partir da história oral, pretende-se analisar o sentido subjetivo construído pelos narradores, através de suas memórias. Nesse sentido, o conflito é relembrado como uma luta legítima, abençoada por Deus, o que nos remete para o papel fundamental da Igreja nesse processo, através da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Além disso, os narradores constroem uma imagem de lutadores corajosos e vitoriosos.
Highlights
Este artigo se propõe a analisar as memórias de pequenos produtores rurais do assentamento Camucim sobre um conflito de terra ocorrido no final dos anos 70 e início dos anos 80, do século XX
This article aims at analyzing the memories of small landowners of Camucim, a settlement in the South coast of Paraíba, over a conflict concerning the possession of a tract of land in the late 70s and early 80s of the twentieth century
These memories were gathered though Life History interviews and were submitted to Discourse Analysis
Summary
Este artigo se propõe a analisar as memórias de pequenos produtores rurais do assentamento Camucim (litoral sul da Paraíba) sobre um conflito de terra ocorrido no final dos anos 70 e início dos anos 80, do século XX. O narrador acima é enfático quando relembra esses momentos: lutavam por uma terra de trabalho e, nessa luta, assim como durante as Ligas, a presença da polícia, além de ser diária era em grande quantidade – “mais de mil soldados”, o que era “rocha”. A luta foi pesada por conta da repressão que era grande – termo verbalizado oito vezes na sequência acima – tanto do Serviço Nacional de Informação (SNI) quanto dos capangas, da polícia e do governo. Percebemos que, tanto durante as Ligas quanto durante o conflito, afirmar que o outro está com medo, duvidar da sua coragem, parece ter sido usado como desafio – estratégia de pressão para o engajamento na luta. Esse trecho da narrativa nos faz lembrar Riobaldo, do “Grande Sertão: Veredas”, quando declara: “Me fez um receio, mas só no bobo do corpo, não no interno das coragens.” (GUIMARÃES ROSA, 1986, p. 11)
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