Abstract

Resumo O discurso negacionista e a minimização dos efeitos nefastos da ditadura civil-militar por figuras do alto escalão do governo são exemplos emblemáticos da desmentida de histórias de sofrimento social. Este estudo teórico aborda os processos psicológicos de apagamento de memórias sociais traumáticas e seus efeitos na transmissão psíquica, da perspectiva da Psicanálise das Configurações Vinculares, à luz de Puget e Berenstein. Mobilizando os conceitos de memória social, desmentida, trauma e traumatismo social, argumentamos que a denegação de fatos traumáticos gera uma dupla violência: por um lado, produz lacunas na história e um não-trabalho vincular que favorece transmissões psíquicas transgeracionais e, por outro, atenta contra o pertencimento social e a constituição narcísica dos sujeitos. À vista disso, concluímos pela necessidade de criar um dispositivo de escuta dos traumatismos sociais na contramão da desmentida, garantindo o direito assegurado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos do acesso do povo à própria história.

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