Abstract

O presente artigo tem como objetivo lançar uma discussão voltada para o processo de criação dos fatos e ficções nas narrativas que apresentam Makunaima como personagem. Para tanto, serão analisados relatos escritos de um naturólogo alemão e relatos orais de um documentário. Deste modo, tem-se como corpus para a pesquisa a obra Vom Roroima zum Orinoco (Do Roraima ao Orinoco), especificamente o livro Mitos e lendas dos índios Taulipangue e Arecuná, o qual apresenta a coletânea de narrativas que foram recolhidas durante os anos de 1911 a 1913 na tríplice fronteira – Brasil, Venezuela e Guiana Inglesa – pelo viajante alemão Theodor Koch-Grünberg; bem como o documentário Nas trilhas de Makunaima, produzido no ano de 2007, pela TV Cultura, em parceria com a Universidade Federal de Roraima. Esta pesquisa foi bibliográfica e abrangeu o ramo da teoria literária, mais especificamente da teoria da recepção, a qual contribui para os estudos dos conceitos de fatos e ficções; da literatura dos viajantes, em que se encontram os relatos coletados por Koch-Grünberg sobre a figura de Makunaima; e dos relatos orais sobre o personagem indígena presente no documentário. Alguns dos referencias teóricos utilizados foram os livros de teoria da recepção de Wolfgang Iser e os de Karlheinz Stierle. Estes darão os suportes necessários para as discussões teóricas envolvendo facticidade e ficcionalidade.

Highlights

  • ISSNe 2175-7917 will provide the necessary support for theoretical discussions involving facticity and fictionality

  • Pelo fato desta pesquisa ter como corpus relatos escritos e orais sobre a representação da figura de Makunaima e por ter como suporte principal a teoria da recepção, eu, enquanto pesquisadora, não posso afirmar que as narrativas que dizem respeito ao Makunaima seriam compostas somente de fatos ou ficções, ou que teriam fatos e ficções ao mesmo tempo, porém aponto alguns resultados os quais deixarei para os leitores tirarem as suas próprias conclusões e dizerem se as narrativas que giram em torno de Makunaima foram criadas para explicar a existência do Monte Roraima, bem como das demais rochas que dele fazem parte, ou se esses elementos são usados como referência para comprovar a veracidade das narrativas que envolvem Makunaima

  • Histórico Recebido em: 30/03/2020 Revisões requeridas em: 15/06/2020 Aprovado em: 06/07/2020

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Summary

Mais um viajante nas terras de Makunaima

O século XIX foi o apogeu das expedições naturalistas na Amazônia, sobretudo feitas pelos alemães. Efetivamente, foi graças ao minucioso trabalho de Theodor Koch-Grünberg em terras indígenas da Amazônia que as narrativas dos índios Pemon (habitantes da região fronteiriça entre Brasil, Venezuela e Guiana Inglesa) foram apresentadas ao mundo, especialmente, por meio da figura do lendário Makunaima[3], inserido nas páginas de Macunaíma: o herói sem nenhum caráter, por Mário de Andrade (2007). Por meio dos adjetivos “desonestos”, “insensíveis”, “monstros”, “inferiores” usados por Theodor Koch-Grünberg (2006) para referir-se aos indígenas e ao povo brasileiro, fica visível a presença do racismo científico em relação aos sujeitos de sua pesquisa. Esse ainda perdura na atualidade, apesar de haver uma constante luta de pesquisadores e ativistas para que se possa descontruir esse estereótipo, sobretudo em relação ao indígena

As narrativas em torno de Makunaima
Em busca dos fatos e ficções
Possíveis conclusões
Créditos das imagens
NOTAS DE AUTORIA
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