Abstract

Resumo Este estudo de natureza qualitativa investigou práticas de saúde em assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, na região do Vale do Rio Doce, Minas Gerais, Brasil. Buscou-se identificar práticas condizentes com o ideal de saúde do MST, o debate de normas e valores e possíveis renormalizações, contando com o aporte teórico da saúde coletiva e da ergologia. As atividades investigadas foram: agricultura ecológica, trabalho docente que envolvia ações de saúde e ambiente e cuidado. Os resultados evidenciaram valores relacionados à luta pela reforma agrária e pela transformação da sociedade, à valorização das técnicas e dos saberes populares e à promoção da autonomia dos trabalhadores rurais. Percebeu-se, em alguma medida, a incorporação do projeto/herança da saúde do MST, que se mostrou mais efetiva, à medida que atinge os coletivos, evidenciando que a instauração de novas normas de saúde passa pela organização política dos assentamentos e acampamentos de reforma agrária.

Highlights

  • Muitos são os desafios enfrentados pela população do campo por garantia de condições de vida e saúde, que passa pela estrutura fundiária brasileira fortemente desigual, pelos baixos índices de escolaridade, moradias inadequadas, falta de saneamento básico, baixa renda, entre outros, que se somam à incipiente participação dessa população na construção de políticas públicas (Brasil, 2013)

  • As experiências de educação em saúde e ambiente investigadas eram realizadas na escola do assentamento 1o de Junho (Tumiritinga), na qual se destacava o trabalho de ST4, e na escola do acampamento Juscelino dos Santos (Frei Inocêncio), em que sobressaía o trabalho de ST5

  • Uma vez que se inserem na história, eles “não podem se desenvolver na neutralidade, assim como nós não podemos ser neutros quando fazemos nossa

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Summary

Aspectos metodológicos

Nesta pesquisa nos baseamos na metodologia de investigação qualitativa, em especial no estudo de caso e no referencial metodológico da ergologia. A pesquisa documental foi realizada com base no acervo do Coletivo Nacional de Saúde do MST, do qual foram selecionados documentos que apresentavam informações sobre as estratégias e práticas de saúde no MST. Para o trabalho de campo, o ponto de partida foi uma entrevista coletiva com o Setor de Saúde Regional Vale do Rio Doce, a qual durou aproximadamente 90 minutos e contou com oito participantes, um homem e sete mulheres, com idades entre 28 e 56 anos. A entrevista coletiva teve como objetivo perceber como os trabalhadores compreendem a saúde tal como proposta pelo MST e apontar práticas desenvolvidas na região que são condizentes com esse ideal de saúde. Iniciou-se a investigação sobre as práticas indicadas, que ocorreu por meio da observação participante e entrevista semiestruturada com seus responsáveis. Na próxima seção apresentamos a caracterização geral das práticas de saúde, bem como os principais resultados da análise

Caracterização das práticas de saúde investigadas
Agroecologia como estratégia de promoção da saúde na reforma agrária
Educação e saúde como prática de liberdade
Saúde como capacidade de lutar
Considerações finais
Contribuição das autoras
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