Abstract

A disfunção do trato urinário inferior (DTUI) na infância apresenta alta prevalência, podendo levar a sintomas de urgência miccional, incontinência urinária, infecção do trato urinário, refluxo vesicoureteral, lesão renal, além de impactos psicoemocionais. A hiperatividade vesical (HV) é a forma mais comum de apresentação da DTUI, sendo caracterizada como uma alteração na fase de enchimento vesical, acompanhada por sintomas urinários próprios desta fase, mas com um padrão de fluxo urinário normal e sem apresentação de resíduo pós-miccional. A sua fisiopatologia ainda é controversa, e engloba possibilidades de alterações de origem central, de desencadeamento de contrações não inibidas do detrusor devido ao quadro de constipação intestinal, ou ainda a possibilidade de ser causada pelo quadro de infecção do trato urinário. Há três principais tratamentos disponíveis para tratar crianças com HV: medicação, uroterapia e eletroestimulação. Destes, a terapia medicamentosa ainda é a mais difundida pelo mundo, apesar de trazer diversos efeitos colaterais e baixa taxa de cura. A uroterapia é baseada em orientações miccionais e alimentares e deve ser indicada como a primeira linha terapêutica. A eletroestimulação ainda apresenta diversidade em relação à posição do eletrodo, tempo e frequência da aplicação e parâmetros diferentes em relação à corrente terapêutica. Apesar dessa variabilidade, as terapias combinadas da uroterapia com a eletroestimulação apresentam melhores resultados clínicos de acordo com os trabalhos disponíveis na literatura.

Highlights

  • A disfunção do trato urinário inferior (DTUI) corresponde a uma alteração miccional em crianças neurologicamente normais[1] e pode ocorrer na fase de esvaziamento e/ou na fase de enchimento vesical

  • Koff e Murtagh (1983) reportaram que o tratamento da hiperatividade vesical (HV), em crianças, usando agentes anticolinérgicos apresentou uma taxa de melhora ou cura dos sintomas em cerca de 60% dos casos[17]

  • Electrical stimulation for lower urinary tract dysfunction in children: a systematic review of the literature

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Summary

Uroterapia

A uroterapia consiste em medidas comportamentais para o tratamento da HV. É considerada a primeira escolha terapêutica e consiste em um esvaziamento cronometrado, baseado no diário miccional e associado com o reforço positivo[15]. Há uma plataforma na web que permite ao profissional de saúde acessar os registros dos pacientes em tempo real. O profissional pode estabelecer alarmes que vão diretamente para o aplicativo do paciente, para lembra-lo de urinar ou de beber líquido durante o dia, possibilitando um programa terapêutico à distância[16]. Para o paciente que não respondeu à uroterapia simples e não tem problemas de incoordenação vesico-esfincteriana (que é confirmada pela presença de resíduo pós-miccional e/ou urofluxometria com apresentação de padrão de fluxo interrompido ou staccato), outra opção não farmacológica pode ser a eletroestimulação. De Kegel não apresentam efeito terapêutico de nenhum valor nessas crianças e, no longo prazo, podem ser prejudiciais para a bexiga pelo aumento da resistência uretral e consequente aumento da pressão vesical, com um risco aumentado de lesão do trato urinário superior

Medicação
Eletroestimulação
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