Abstract

O objetivo deste trabalho é perceber no conto Caminhão de Arroz, publicado em 1962, na coletânea de contos Ermos e Gerais, de Bernardo Élis, escritor renomado de Goiás, possibilidades de letramento literário que pode propiciar ao leitor uma reflexão epistemológica sobre si e sobre o meio social. Além disso, demonstrar a necessidade de pensar sobre o ensino de literatura no sistema educacional atual, uma vez que a literatura deve ser voltada para o processo de humanização do ser humano (CÂNDIDO, 1995). A análise se refere especificamente a um estudo sociológico confrontada com objeto da pesquisa: o conto. A narrativa envolve uma personagem que busca na cidade de Anápolis-GO a irmã desparecida. Ela é uma sertaneja e em sua primeira aparição está na carroceria de um caminhão com uma carga de arroz, as pessoas da cidade confundem a protagonista com uma das sacas e totalmente desajeitada desembarca procurando informação a respeito de sua parente que não vê por muito tempo. Há em sua busca frustrada o sofrimento com zombarias e desprezo das pessoas da cidade e, ainda, a personagem sente tristeza e amargura por se ver em um enorme espelho e não conseguir se reconhecer nele. A trama aponta uma reflexão em relação ao confronto meio rural e cidade e a à disparidade social marcante da história de Goiás, configurada pela forma de menosprezo de como se dão as relações entre os citadinos e os ‘roceiros’. Por fim, a obra assume um caráter universal dada a angústia social da personagem que acaba por representar o ser humano de uma forma geral. Tais observações são pressupostos para a contextualização do ensino de literatura na atualidade.

Highlights

  • Comumente o ensino de literatura é questionado no meio educacional

  • Entretanto, Sabemos que em literatura temos uma mensagem ética, política, religiosa ou mais geralmente social só tem eficiência quando for reduzida a estrutura literária, a forma ordenadora

  • Histórico Recebido em: 27/02/2019 Revisões requeridas em: 01/10/2019 Aprovado em: 13/10/2019

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Summary

Considerações iniciais

Comumente o ensino de literatura é questionado no meio educacional. Sugestões de métodos e novas abordagens tentam desfazer a noção de que a literatura seja um pretexto para se ensinar língua portuguesa, especificamente gramática. Entretanto, ao considerar a atuação desses personagens, que representam na literatura uma parcela marginalizada pela sociedade, podemos presumir “que a história das ‘pessoas comuns’, mesmo quando estão envolvidos aspectos explicitamente políticos de sua experiência passada, não se pode ser dissociada das considerações mais amplas da estrutura social e do poder social.” Entretanto, acredita-se que essa função humanizadora que Candido (1995) se refere só se realiza a partir da prática social que permite a reflexão de atitudes como as ocorridas no conto em relação à situação grotesca vivida pela personagem, representando, assim, uma visão ontológica do ser humano. Em relação ao conto aqui apresentado, levar aos alunos obras como as de Bernardo Élis, são oportunidades de conhecimento mais aprofundado sobre as relações sociais de uma determinada época como também possibilidade de se entender que os dilemas vivenciados pelas personagens são da mesma forma vividos no contexto atual. ISSNe 2175-7917 para tais reflexões seriam as aulas de literatura

Considerações finais
NOTAS DE AUTORIA

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