Abstract

O presente artigo analisa o contexto cultural do pré-modernismo brasileiro, destacando o processo de canonização do autor pela historiografia literária e revela outros aspectos estéticos e literários da Literatura Brasileira. Além disso, este artigo analisa as possíveis relações entre autores pré-modernistas e a Academia Brasileira de Letras, durante a passagem do século XIX para o XX.

Highlights

  • Literariamente falando, a passagem do século XIX para o XX foi marcada por uma visão mais ou menos padronizada das artes, perspectiva perfeitamente sintetizada na consideração da literatura como o sorriso da sociedade, como bem percebeu o sentido acurado de Afrânio Peixoto, representante de destaque dessa mesma tendência

  • E completa: póde mesmo dizer-se que cada um de nós tem uma Grecia para seu consumo pessoal, cada qual a vê com a côr das suas lunetas, cada qual a augmenta ou diminue ao sabor de sua literatura (...) A maioria procura uma zona de museu e de archivo, de theatro classico, uma zona de universitarios em férias, uma zona de estampas e sonetos, effeminada, pretenciosa, uma Grecia que é em Portugal a dos arcades e no Brasil a dos parnasianos (GRIECO, 1931, p. 38)

  • Suplemento Literário de "A Manhã", Rio de Janeiro, Vol IV, No 12: 179, Abr. 1943

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Summary

Grécia de cartolina

Uma das características mais relevantes da literatura academicista daquela passagem de século é a estilização da cultura clássica e oriental, a que podemos chamar de helenismo e orientalismo. As imagens grandiosas e fortes; o apego trágico a que aludiu – logo acima – José Veríssimo; o acúmulo de verbos particularmente expressivos (estortegou, fulgurou, retalhou, rebentar, bateram, jorrou, rolava, vergavam, retorciam, debatiam, atroavam); o emprego de expressões espetaculares e pictóricas, que, entretanto, não escapam ao clichê (LAPA, 1975) (rajada tempestuosa, convulsão de cataclismo, esplendor de explosão, chuva torrencial, convulsões frenéticas, tormenta implacável, estrépitos de raios); os torneios frasais, sempre balizados pelo uso enfático de alguns adjetivos (taciturnos, turbado, sinistro, cerrado, escachoante, lívidos) e advérbios (estrondosamente, fantasticamente); tudo, enfim, parece contribuir para um efeito estilístico marcado por um sopro épico, dando à sua prosa aqueles inegáveis “acentos de epopéia” de que nos fala Fernando Azevedo, ao tratar das obras de Coelho Neto. A figura feminina idealizada, extraída da mitologia grega, serve enfim de inspiração para que o mesmo Carlos Malheiro Dias relate sua “profissão-de-fé” – num livro inteiramente dedicado à temática helênica e oriental – nos seguintes termos: os gregos fizeram nascer a sua Venus do ventre espumejante das ondas, e o meu ideal artistico de sonho antigo nasceu da contemplação do teu corpo de marmore, oh! Mulher, que eu julguei roubado a um templo de Athenas ou Coryntho... (DIAS, 1894, p. 193)

Considerações finais
Referências bibliográficas
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