Abstract

Neste artigo, propomos a aproximação entre os conceitos de Letramentos Críticos e Utopia enquanto possibilidade teórico-metodológica para as práticas pedagógicas no âmbito da educação linguística, com ênfase na elaboração de materiais e cursos abertos e on-line para o ensino de línguas adicionais. A pesquisa está organizada da seguinte forma: em um primeiro momento, situamos o estudo no campo da Linguística Aplicada Crítica, bem como tratamos de alguns conceitos necessários à compreensão da investigação; em um segundo momento, discutimos concepções alternativas da pesquisa científica, com destaque para as noções de Epistemologias do Sul e de Revisão Narrativa da Literatura; por fim, apresentamos as considerações finais do presente estudo. Os resultados demonstram que é possível delinear, pela via da transgressão, uma proposta teórico-metodológica que busca romper com a conhecida dicotomia entre a teoria e a prática, associando tais categorias no desenvolvimento de um ensino de línguas comprometido não apenas com a problematização de linguagens e tecnologias para a denúncia de uma estrutura desumanizante, mas também para a construção de um outro mundo possível. Esse enfoque, que convencionamos designar como Letramentos Críticos para a Utopia, pode ser utilizado na elaboração de materiais e cursos abertos e on-line para o ensino de línguas adicionais, pelos quais temos especial interesse na presente pesquisa.

Highlights

  • Resumen: En este artículo, planteamos la aproximación entre los conceptos de Literacidad Crítica y Utopía como posibilidad teórico-metodológica para las prácticas pedagógicas en el ámbito de la educación lingüística, con énfasis en Letrônica, Porto Alegre, v. 13, n. 4, p. 1-14, out.-dez. 2020 | e-37399 la elaboración de materiales y cursos abiertos y en línea para la enseñanza de lenguas adicionales

  • Elencamos, nesta introdução, conquistas relativamente recentes que parecem corroborar o nosso ponto de vista: a) Lei 11.161/2005: institui a obrigatoriedade da língua espanhola no ensino médio, ampliando o ensino de línguas adicionais para além do inglês; b) Programa Nacional do Livro Didático (PNLD): criado, com outra denominação, em

  • Tal reconhecimento é ilustrado no fragmento a seguir: Dito conceito [de criticidade] foi aplicado ao campo do letramento nos anos sessenta pelo famoso pedagogo brasileiro Paulo Freire, que formulou com clareza a ideia de que os analfabetos são vítimas e não responsáveis de sua condição, que a escola é uma instituição criada por determinados grupos sociais para reproduzir o status quo e que o acesso ao letramento pode ser uma ferramenta importante de libertação ou empoderamento dos indivíduos

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Summary

REA e MOOC

Os Recursos Educacionais Abertos (REA), resumidamente definidos como materiais de ensino, aprendizagem e investigação divulgados em domínio público ou sob uma licença aberta que permite o seu uso e/ou adaptação em diferentes níveis (UNESCO, 2012), parecem ter provocado uma verdadeira mudança de paradigma quanto a materiais de ensino, tanto analógicos quanto digitais. Essa compreensão deve-se a que, embora os debates atuais sobre REA lancem mão de uma série de questões prévias sobre materiais de ensino, também trazem à tona uma série de questões que não haviam sido discutidas, pelo menos com a profundidade necessária, até o surgimento de tal perspectiva, a saber: a) a busca de alternativas frente a materiais produzidos e distribuídos pelas grandes editoras; b) a democratização do acesso a materiais de ensino que, na maioria das vezes, são inacessíveis para a maioria da população, seja pelo alto custo, seja pelas restrições de direitos autorais, entre outros aspectos; c) a inclusão de licenças de uso que delimitam liberdades e restrições conferidas a tais materiais; d) a valorização do trabalho intelectual docente e o protagonismo de educadores(as) no que diz respeito à autoria e/ou à coautoria de tais recursos; e) a produção e adaptação desses materiais a partir de demandas específicas, propiciando sensibilidade ao contexto em que são utilizados; f) o desenvolvimento de ferramentas que assegurem a produção, a adaptação, o licenciamento, o armazenamento etc. dos conteúdos em questão; e g) a expansão das possibilidades de Colaboração em Massa, com materiais produzidos e socializados entre os(as) educadores(as) para reuso, revisão, remixagem e redistribuição (HILTON et al, 2010). De acordo com os autores, alguns aspectos que provocaram o relativo desinteresse pelos MOOC podem ser: baixas taxas de conclusão; qualidade questionável dos cursos; dificuldade de validação no âmbito acadêmico; falta de estratégias institucionais para a integração de tais cursos na Universidade, entre outros (ALTINPULLUK; KESIN, 2016). Conforme discutiremos na próxima seção do trabalho, uma possibilidade teórico-metodológica para a elaboração de cursos abertos e on-line para o ensino de línguas adicionais é a abordagem que convencionamos chamar de Letramentos Críticos para a Utopia, a qual, por um lado, não entra em conflito como a perspectiva comunicativa ou mesmo com o Conectivismo, mas, por outro, dá destaque a questões que aparentemente escapam aos interesses centrais dessas duas perspectivas

Letramentos Críticos para a Utopia
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Notas sobre Epistemologias do Sul e Revisão Narrativa da Literatura
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