Abstract

Este artigo apresenta uma reflexão sobre a produção escrita na Educação Básica, considerando língua e escrita como práticas sociais situadas (STREET, 2014; KLEIMAN; ASSIS, 2016). O objetivo proposto para o artigo é identificar se há “modelos culturais” de escrita, orientadores das produções dos alunos, e “dimensões escondidas” no processo de produção de um Artigo de Opinião em um contexto de formação profissional em Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em um Instituto Federal de Ciência e Tecnologia. Partimos de discussões de trabalhos sobre letramentos acadêmicos as quais trazem questões de interculturalidade, poder e identidade, que resultam em “dimensões escondidas” em processos de produção escrita de gêneros acadêmicos. Em termos metodológicos, trata-se de uma etnografia da linguagem (GARCEZ; SCHULZ, 2015) que analisou textos produzidos por 18 alunos, durante as aulas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira III na terceira série do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio. Os resultados evidenciaram que os alunos deixaram à mostra as suas percepções de mundo, articulando diálogos entre o modelo cultural em que estão inseridos, que Street (2014) reconhece como letramento vernacular, e o modelo cultural proposto pela escola. Nos textos, ocorreu um processo de produção de sentidos que indicializa a interculturalidade e a forma como esses alunos percebem as temáticas discutidas e como estas fazem parte de seu repertório e, por extensão, da sua vida. Foi possível identificar duas “dimensões escondidas”: a primeira relacionada ao tema, que pode favorecer autoria ou produção de um texto; e a segunda relacionada à interculturalidade e relações de poder negociadas e/ou articuladas por meio de vozes sociais trazidas dos textos de apoio.

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