Abstract
Neste artigo, analisamos a leitura e a interpretação de dados prontos coletados por alunos para desenvolverem projetos de modelagem. Consideramos dados prontos as informações coletadas na Internet, como um gráfico ou uma fórmula, sem maiores explicações de como foram geradas. Com isso, repensamos o mosaico de pesquisas do GPIMEM, grupo de pesquisa ao qual pertencemos e que desenvolve pesquisas sobre modelagem e informática há cerca de vinte anos. Na análise, privilegiamos a apresentação oral e o relatório escrito de um grupo de alunas do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Os dados prontos sugerem uma nova faceta na relação entre tecnologias digitais e modelagem: eles parecem ser tratados de maneira idêntica a dados empíricos usualmente coletados em outros trabalhos de modelagem encontrados na literatura. Assim, o mosaico de pesquisas sobre o tema ganha novas dimensões na medida em que a Internet parece modificar a própria noção do que são dados.
Highlights
A pesquisa em modelagem tem sido objeto de frutíferas investigações, como demonstram os anais de congressos organizados pela Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM), além de inúmeras publicações sobre o tema
Outra linha de pesquisa enfatiza aspectos socioculturais, visão que sustenta uma crítica a Curcio (1987), mostrando que ele foca apenas conhecimentos técnicos para a interpretação dos gráficos “[...] e investiga tipos de gráficos tradicionalmente usados nas escolas, os quais têm proposições pedagógicas limitadas em termos de comunicação de dados
O professor convidou os alunos a refletirem sobre o que Borba e Skovsmose (2001) nomeiam de ideologia da certeza, pois, muitas vezes, aceitamos dados prontos que envolvem modelos matemáticos devido ao status de verdade que possuem, e não adentramos no debate para compreender esses modelos, questioná-los
Summary
A pesquisa em modelagem tem sido objeto de frutíferas investigações, como demonstram os anais de congressos organizados pela Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM), além de inúmeras publicações sobre o tema. Um grupo de alunos – durante a apresentação oral de seus projetos de modelagem – comentou sobre um gráfico e uma fórmula (que encontraram na Internet) e justificaram que não sabiam como esses dados prontos – na fala de uma aluna – surgiram, isto é, como foram organizados. A análise foi feita a partir de dados coletados em investigações realizadas pelo Grupo de Pesquisa em Informática, outras Mídias e Educação Matemática (GPIMEM), que tem, desde 1993, modelagem matemática como um dos principais temas pesquisados. Parte das pesquisas desenvolvidas pelo Grupo propicia um olhar integrado sobre modelagem, compreendida como uma Tendência da Educação Matemática que enfatiza uma estrutura curricular baseada em projetos, nos quais os alunos participam de seu desenvolvimento, sob a orientação do professor. Discutimos, também, duas linhas de pesquisa da educação estatística na abordagem sobre a interpretação de gráficos, que identificamos como dados prontos e que foram coletados na Internet
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