Abstract

O artigo analisa algumas das teorias dominantes em torno do conceito, controverso, de pós-memória. A pós-memória, de fato, como possibilida­de de transmissão intergeracional da memória, em particular traumática, sobretudo para pessoas da esfera familiar que não viveram a experiência em causa mas mantêm um laço afetivo com quem a vivenciou, propor­ciona a possibilidade de rever criticamente alguns processos de fixação da memória tout-court, na sua relação tensa com a possibilidade de uma con­tratualização histórica. O caso associado a esta conceitualização é aquele da Guerra Colonial que Portugal combateu em África por mais de uma década (1961-1974) e que incidiu profundamente tanto na ontologia do País pós Revolução dos Cravos, como na consciência dos ex combatentes que vivenciaram as experiências traumáticas projetando a impossibilidade de simbolização dos traumas nas relações familiares. Também, pelo mito de Filomela, é analisada uma parte da produção cultural portuguesa das segundas gerações que procura vocalizar estes silêncios doloridos dos pais.

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